Recebi este texto de uma amiga (queridíssima e uma excelente escritora) e confesso que ao lê-lo... chorei demais!
As datas são de 2010, mas refletem, perfeitamente, a minha realidade em 2011.
Que 2012 seja de uma doce amizade com o tempo.
Conto de quase janeiro
2010 está ensaiando sua despedida com chuva, resultado desse verão impassível: que chegou agora sem fôlego, assim como o início turbulento deste ano - que apelidei queridamente de JK. Lembra-se daquela perspectiva de um dos nossos presidentes mais visionários: 50 anos em cinco? Pois é, 2010 pra mim foi assim - no mínimo cinco em um.
Ao contrário do que muitos comentam no elevador, na fila do banco e até na longa espera nos salões de beleza: "o ano voou", pra mim ele veio arrastado: mostrando suas faces, vagarosamente.
Talvez tenha sido o período da vida em que mais soube observar a duração do tempo. Olhar atento ao relógio - nas noites em que o sono não vinha, ou talvez nos impasses dos fechamentos da vida: os ponteiros foram amigos bipolares, caminharam no compasso, lado a lado.
O que quero dizer, querido leitor, com todas essas badaladas do relógio, é que este conto está longe de ser uma promessa cheia de votos de felicidade para o próximo ano que bate na porta.
Este talvez seja um daqueles textos que traga a tona o novo, a mudança e as escolhas.Descobri, com essa nova amizade com o tempo, que as nossas escolhas caminham sempre para o novo - e novidade, como bem sabemos, nem sempre nos agrada ao mostrar sua face.
2010 chegou até mim com um estalo: ACORDA e os ponteiros rodaram e rodam, não param. 2010 veio com um gosto estranho, difícil de engolir e, para a minha surpresa, me surpreendeu em cada um dos seus 365 dias. E arrisco em dizer que ainda está sendo uma bela surpresa.