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domingo, 28 de abril de 2013

Saber Viver

Não sei...
Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.

(Cora Coralina)

sábado, 20 de abril de 2013

Minha mulher não é furacão

(Fabrício Carpinejar)

Você não é um furacão.

Trata-se de uma cilada masculina.

Não aceite ser nomeada desse jeito.

Representa um falso cumprimento.

Todo homem diz que a mulher é um furacão como projeção: é o que ele deseja da companhia, não é o que ela é. 

Pode soar sedutor, pode sugerir passionalidade, pode sugerir fogo e charme, porém é uma armadilha.

Sua intenção não é boa.

Furacão não é convidado.

Furacão passa rápido.

Furacão é somente sexo.

Furacão é pressa.

Furacão não tem endereço, nem infância.

Furacão destrói lares, arrebenta relacionamentos.

Furacão não chora, não se arrepende de colecionar vítimas.

Furacão não pergunta duas vezes.

Furacão não volta, não cria raízes, não se despede.

Furacão é triste, solitário, assim como vulcão.

Furacão é vazio, repetitivo, rancoroso.

Furacão não deixa bilhetes, não tem recaídas.

Chamar uma mulher de furacão é uma forma machista de se expressar e impor brevidades amorosas.

Quando alguém lhe caracteriza de furacão, não está festejando sua vida.

Pretende usá-la e não se responsabilizar pelas consequências, busca explorar sua fugacidade, destacar sua intemperança, avisar que é fácil, que não pensa, que age por impulso, que não mede a força.

Furacão é carente, perdido, uma nuvem dançando seu sofrimento.

Furação deserda, não conquista.

Furacão devasta, não reúne.

Ninguém namora um furacão.

Ninguém casa com um furacão.

Furacão é reduzir a mulher ao papel de amante, é considerá-la uma ameaça da intimidade, um rastro desorganizado e provisório.

A mulher que amo não é um furacão, e sim brisa, um sopro calmo que veio estudado das marés.

É a soma das ondas, o resto de estrelas, o cheiro casado das rochas e das conchas.

Não subestime a intensidade da insistência.

A brisa é mais contundente do que o furacão.

A brisa me faz virar o rosto, pressinto alguém chegando.

A brisa tem o peso exato de uma palavra no ouvido.

É vento, mas também é um chamado.

É vento, mas também é saudade.

É vento, mas também é música.

É espuma de vento, levemente úmido, meio água, meio ar.

Mulher minha não é furacão.

Mulher minha é brisa.

E nunca será minha porque vento não se enjaula.

Teremos casa, filhos, pátio, varanda, e não cansaremos de contar como nos conhecemos.

Fonte: http://carpinejar.blogspot.com.br/2013/04/minha-mulher-nao-e-furacao.html

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Desequilibrada


“Indispensáveis para o equilíbrio vital!” É assim que Vinícius de Moraes define a sua necessidade pelos verdadeiros amigos. O sentimento que me invade hoje é de total desequilíbrio. Algo se rompeu entre mim e meu amigo mais querido.

Já se passaram mais de vinte anos quando em pleno julho, na fria e ventosa Telêmaco Borba, os organizadores do evento em que participávamos, bateram à porta do quarto em que eu estava. Questionaram se eu dispunha de cobertores e roupas de frio para emprestar ao grupo de desprevenidos nordestinos. Como havia levado dois cobertores emprestei um deles e este foi o início de uma bela amizade, que nasceu ainda na nossa infância. 

Lembro-me do seu carinho comigo desde então, do convite para jantarmos juntos e do meu rubro facial que denunciava uma vergonha incontrolável. Sequência do jantar foi um apelido carinho que carrego até hoje. Uma espécie de código, que dá a certeza de que apesar de tudo estamos próximos.

Recordo-me que em uma tarde, enquanto brincava de “escolinha” com minha prima (sim eu era criança ainda), o carteiro passou e logo a minha mãe avisou: “Silvinha, tem carta pra você!”. Era a sua primeira correspondência vinda da Rua Luzitânia, n°96, com destino à Baixada Industrial. O tempo passava e podíamos até ficar alguns meses sem contato, mas nunca perdemos o vínculo. Nas minhas piores perdas e dores, meu amigo aparecia, mesmo à distância e o conforto da sua amizade e suas palavras me enchiam de paz. Todos os meses de maio, por carta, telefone ou mesmo carinho sem ser dito, recordava-me do aniversário do Roger.

E quando eu achava que nunca mais o veria, uma pessoa entrou em nossa história. Se houve algo de bom que esta pessoa nos proporcionou foi o nosso emocionante reencontro. Duas décadas que não cabiam em um abraço. E essa mesma pessoa foi a responsável pela nossa separação. Hoje meu coração sofre mais pela perda do amigo do que do falso amor de um namorado. Nossa amizade foi maculada. Meu coração está em pedaços e o desequilíbrio de Moraes toma conta da Moranguinho.

Autoestima


domingo, 7 de abril de 2013

Mais Uma Vez

(Renato Russo)



Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!
Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de noitecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!