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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Quase 2012... quase janeiro...

Recebi este texto de uma amiga (queridíssima e uma excelente escritora) e confesso que ao lê-lo... chorei demais!
As datas são de 2010, mas refletem, perfeitamente, a minha realidade em 2011.
Que 2012 seja de uma doce amizade com o tempo.

 

Conto de quase janeiro

2010 está ensaiando sua despedida com chuva, resultado desse verão impassível: que chegou agora sem fôlego, assim como o início turbulento deste ano - que apelidei queridamente de JK. Lembra-se daquela perspectiva de um dos nossos presidentes mais visionários: 50 anos em cinco? Pois é, 2010 pra mim foi assim - no mínimo cinco em um.

Ao contrário do que muitos comentam no elevador, na fila do banco e até na longa espera nos salões de beleza: "o ano voou", pra mim ele veio arrastado: mostrando suas faces, vagarosamente.

Talvez tenha sido o período da vida em que mais soube observar a duração do tempo. Olhar atento ao relógio - nas noites em que o sono não vinha, ou talvez nos impasses dos fechamentos da vida: os ponteiros foram amigos bipolares, caminharam no compasso, lado a lado.

Foi nessa trajetória em que fui dando conta de direcionar caminhos - conturbados e perdidos, de início, como esse verão que desponta em nossas janelas. Mas uma hora veio a boa brisa e tudo ficou mais claro, sereno.

O que quero dizer, querido leitor, com todas essas badaladas do relógio, é que este conto está longe de ser uma promessa cheia de votos de felicidade para o próximo ano que bate na porta.
Este talvez seja um daqueles textos que traga a tona o novo, a mudança e as escolhas.

Descobri, com essa nova amizade com o tempo, que as nossas escolhas caminham sempre para o novo - e novidade, como bem sabemos, nem sempre nos agrada ao mostrar sua face.

2010 chegou até mim com um estalo: ACORDA e os ponteiros rodaram e rodam, não param. 2010 veio com um gosto estranho, difícil de engolir e, para a minha surpresa, me surpreendeu em cada um dos seus 365 dias. E arrisco em dizer que ainda está sendo uma bela surpresa.

Por conta disso e, talvez, por hoje lidar melhor com o "jogo da vida", e saber diferenciar melhor o que é expectativa e o que faz parte da realidade, eu desejo a você: querido leitor, que 2011 te surpreenda ainda mais. Porque felicidade, nós sabemos, custa um pouco mais caro e se surpreender ainda é muito mais divertido.
Fonte: http://howbatisa.blogspot.com/2011/01/conto-de-quase-janeiro.html

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Águas de Março fechando meu luto

Quando a terra foi destruída pelo dilúvio, Deus prometeu ao povo que nunca mais o faria com água. Para selar esta aliança, pintou o céu com um arco-íris.

Há pouco ouvia “Águas de Março”, do Jobim, em meio a uma chuva torrencial e esta música me chamou a atenção, como nunca.

Estes últimos meses me têm sido dolorosos (isso mesmo... ainda continuam), com encontro de pedras, de tocos e de dificuldades, que me deixaram “um pouco sozinha” e que me fizeram pensar que este era “o fim do caminho”.

Sempre morei em um pé de serra (não é forró) e meus queridos mais queridos moram no alto deste morro. Para vê-los, era necessário enfrentar a ladeira, chegava até com a respiração ofegante, mas ao fim havia a recompensa de estar com eles. A mesma canção me traz um alento “é o fim da ladeira”. E meu coração me pergunta: “O que de bom me há reservado?”

Como as “Águas de Março” encerram uma estação, estas águas também passaram a marcar o fim do meu luto. Vou em busca de um sol brilhante e um céu todo azul. E para assinalar esta busca, rumo ao Uruguai, que traz em sua bandeira estes dois elementos que preciso hoje: o céu e o sol.

É hora de fechar um ciclo. Um ciclo de dor. Encerro agora este blog e aguardo a vida que me foi prometida!

“São as Águas de Março fechando o verão, é promessa de vida no meu coração!”

P.S.: Acompanhe minha busca pelo http://pelomenosviajar.blogspot.com/

Será???

"Quem sabe Deus queira que conheças muita gente enganada antes que conheças a pessoa adequada para que, quando no fim a conheças, saibas estar agradecido."

Gabriel García Marquez

quinta-feira, 10 de março de 2011

Bicho de Sete Cabeças


Não dá pé, não tem pé nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez ter feito
O que você me fez, desapareça
Cresça e desapareça


Não tem dó no peito, não tem jeito
Não tem coração que esqueça
Não tem ninguém que mereça
Não tem pé, não tem cabeça
Não dá pé, não é direito
Não foi nada, eu não fiz nada disso
E você fez um bicho de sete cabeças
Bicho de sete cabeças

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ou sim... ou não!

"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre mesmo quando eu digo convicto que nada é para sempre."

Gabriel García Marquez

terça-feira, 8 de março de 2011

Se as minhas mãos pudessem desfolhar

Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Garcia Lorca

domingo, 6 de março de 2011

Blanco y Negro

Uau! Perfeita essa música do Jorge Drexler, interpretada pelo Moska...
A intenção era fazer um palheta de cores... uma aquarela... sobraram o branco e o preto!


Nuestra primera intención,
Era hacerlo en colores:
Una acuarela que hablara
De nuestros amores.

Un colibri polícromo
Parado en el viento,
Una canción arcoiris
Durando en el tiempo.

El director de la banda
Silbando bajito
Pensaba azules y rojos
Para el valsecito.

Pero ustedes saben, señores,
Muy bien cómo es esto;
No nos falló la intención,
Pero sí el presupuesto...

En blanco y negro
Esta canción
Quedó en blanco y negro
Con el corazón,
En blanco y negro,
Nieve y carbón,
En blanco y negro,
En technicolor,
Pero en blanco y negro...

Fuimos quitando primero
De nuestra paleta
Una mirada turquesa
De marco violeta.

Luego el carmín de las flores
Encima del piano,
Una caída de sol
Cuando empieza el verano.

Todos los tipos de verde
De una enredadera...
Ya ni quedaban coloresa
Para las banderas.

Nuestrar intención ya no fué
Más que un viejo recuerdo
Y esta canción al final
Se quedó en blanco y negro.

En blanco y negro
Esta canción
Quedó en blanco y negro
Con el corazón,
En blanco y negro,
Nieve y carbón,
En blanco y negro,
En technicolor,
Pero en blanco y negro...

sábado, 5 de março de 2011

Amor Desesperado...


Estava relendo "Comer, Rezar, Amar" e como hoje faz três meses do término do meu noivado, e hoje, com o coração mais leve, resolvi postar um trecho do livro...


"Meses passaram. Minha vida era um limbo, e eu esperava para ser libertada. (...) Sim, eu o amei. Se eu conseguisse pensar em uma palavra mais forte do que 'desesperadamente' para descrever o modo como o amei, usaria estava palavra aqui e um amor desesperado é sempre o tipo mais difícil de amor.

No amor desesperado, nós sempre inventamos os personagens dos nossos parceiros, exigindo que eles sejam o que precisamos que sejam, e depois ficando arrasados quando eles se recusam a desempenhar o papel que nós mesmos criamos"


Elizabeth Gilbert

sexta-feira, 4 de março de 2011

Eu acreditei... estou mudando meus conceitos...

"Me fizeram acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.Não me contaram que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.

Me fizeram acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Me fizeram acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não me contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Me fizeram acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Me fizeram acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Me fizeram acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não me contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém."

John Lennon

quinta-feira, 3 de março de 2011

Sonhos

Há um lugar
Pra chegar
Há uma ponte
Que te levará
Pro outro lado
Há um sonho, uma voz
Dizendo: "os teus sonhos também são meus"
Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado

(Refrão)

Os teus sonhos são meus
Teus problemas são meus
Tua vida também é minha vida
Eu de ti cuidarei
Nunca te deixarei
Os teus sonhos eu realizarei

Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado

Chris Durán

quarta-feira, 2 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Tudo Novo De Novo

O post de hoje é uma sugestão da Claudia (minha irmã) e uma música do Paulinho Moska, chamada Tudo Novo de Novo!
Estou em busca de renovação, e de um ponto final.

TUDO NOVO DE NOVO
Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou

E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou

Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinicius de Moraes

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quando o sofrimento bater a sua porta

Esses dias recebi esta mensagem da minha irmã e achei interessante compartilhar com vcs...

"Estamos ressuscitando todos os dias. A cigarra fica um ano debaixo da terra para cantar somente um dia. Um ano se preparando para cantar até se arrebentar. O sofrimento é isso, um tempo de preparo. Louvado seja Deus pelos sofrimentos.

Todos os artistas compõem maravilhosas obras quando estão sofrendo, e toda vez que tocamos nos nossos limites, vamos além. Compomos música, pintura, criamos vida e caráter. Você pode estar se perguntando: "Mas eu não sou artista, e aí?" Você pode desenhar a sua alma, pode esculpir o seu caráter.

A cigarra não fica debaixo da terra por motivo de masoquismo. Não. É um tempo de preparo existencial da natureza.

Quando você perceber que o seu sofrimento está infértil, é o tempo de parar de sofrer.


Quando começamos a derramar as lágrimas, é o processo de cura que está nos lavando e purificando.

Quanto tempo pode durar um velório dentro de nós? O sepultamento do corpo tem que iniciar um processo de amizade com a vida. O sofrimento é criado dentro de nós. O velório não é uma situação de morte. O que fazemos com o ruim que aconteceu conosco? Não importa o que a vida fez com você, mas o que você faz com o que a vida fez com você. Não temos como evitar o desprezo do outro, vão acontecer coisas que não vamos gostar, mas somos nós que vamos ver quanto custa esse sofrimento.

Boa parte dos sofrimentos do ser humano está naquilo que nós pensamos e permitimos em nosso pensamento. Se racionalizarmos a nossa emoção, nós não sofreríamos.


Padre Fábio de Melo

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Como resistir aos longos namoros?

É fato que todos conhecemos alguém que namora há "séculos". Ou porque simplesmente se acomodou ou começou o relacionamento na adolescência e pretende realizar alguns projetos pessoais antes de trocar as alianças.

Para a psicóloga especialista em técnicas cognitivas e comportamentais, Karina Haddad Mussa, o problema não está nos anos e anos de namoro, mas sim na falta de comprometimento com si próprio e com o outro.

"Quem ama de verdade morre de medo de perder o parceiro. E quando o relacionamento desanda e os dois viram amiguinhos demais, vira acomodação e perde-se esse medo, o desejo de zelar pelo outro".

Conforme explica Karina, o namoro existe para que duas pessoas possam criar afinidades, aprender sobre si próprio e sobre o parceiro. Sem contar que as inúmeras discussões ajudam a dar os ajustes necessários para que o casal caminhe na mesma direção. "É como se cada parte envolvida trouxesse um espelho para dar ao outro o privilégio de se enxergar. Tiram-se as máscaras e mostra-se a verdade", garante.

A psicóloga faz questão de destacar uma frase: "O amor não é para preguiçosos". Mas, ainda assim, infelizmente, o ser humano tem tendência à acomodação. Portanto, para não cair na mesmice e transformar um relacionamento longo em casamento, o casal precisa entender que o amor é uma construção contínua.

"O correto é cuidar de um relacionamento como se cuida de si próprio. Você não vai à academia para cuidar do corpo? Não procura um nutricionista para melhorar a alimentação? Não procura remédios para curar suas dores? Com o amor é a mesma coisa", exemplifica. "E não se esqueça de manter a sua individualidade e a do parceiro. Resolva suas questões para estar pronto para o outro. Sua cara-metade não pode ser depósito das suas necessidades e expectativas. Não seja egoísta!"

Se por um lado um longo namoro baseado no comprometimento gera cumplicidade e companheirismo, sem alicerce ou metas pode levar o casal a perder de vista o real objetivo de um namoro, que é a construção de um projeto de vida a dois. "A relação precisa de amizade sim, mas não pode perder a paixão, o tesão", afirma Karina.

Fonte: Bonde

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Toda Ausência é Atrevida!

Insolente, sem-cerimônia, petulante e ousada... toda a ausência é! Havia ouvido essa frase do filósofo baiano - o Lúcio, vizinho da minha irmã - e agora ela está fazendo sentido absurdo... ela é atrevida demais! Percebo o atrevimento da ausência quando sinto meu peito doer de saudade, quando durmo chorando pensando e me perguntando o motivo pelo qual ainda te amo.
Atrevido está meu coração em desacreditar no amor, na verdade e na sinceridade de um olhar. Atrevida é ausência de sonhos e da minha metade, atrevida é a falta que a tua voz me faz. Atrevido é meu coração em ainda te amar!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Por que não me mudo para a Bahia?

Para marcar o fim das minhas férias e retorno ao meu trabalho, este texto do Rubem Alves me caiu no colo... M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!!! A minha sugestão de leitura é o livro “Se eu pudesse viver minha vida novamente...” Sábias palavras... refletindo sobre elas até agora... E o engraçado disso tudo é que em um almoço, na casa "de" Bárbara e Joarez, ouvi essa mesma pergunta... "Por que vc náo vem morar na Bahia, fazer seu mestrado aqui?' E aí???

Com vocês... “Por que não me mudo para a Bahia?”


Há dois tipos de férias. O primeiro é quando o cavalo cansado, magro, castrado, vai para uma campina verde, sem ninguém que lhe dê ordens, sem hora para se levantar, sem nada para fazer, é só vadiar, pastar, descansar, correr, dormir, fazer o que lhe der na telha! Que felicidade! Bom seria que a vida toda fosse assim! Mas o tempo corre rápido. Passadas duas semanas, descansado e gordo, é hora de voltar para onde estava antes... para o cabresto, cerca, arreio, carroça, esporas e chicote, para isto que se chama realidade. É hora de retomar o trabalho no lugar onde ele havia deixado.
Ah! Todo cavalo precisa de férias para aguentar mais um ano de trabalho duro... Descansar para trabalhar! As empresas sabem disso. Se dão férias para os seus cavalos, não é porque os amem em liberdade. É porque precisam deles na sua volta, revigorados e trabalhadores, agradecidos à empresa que lhes dá férias. E há mesmo os cavalos que, ao final das férias, começam a sentir saudades do arreio e da carroça, querem voltar porque se cansam da liberdade. Todo mundo diz que quer liberdade. É mentira. A liberdade traz muita confusão à cabeça. Melhores são as rotinas, que nos livram da maçada de ter que tomar decisões sobre o que fazer com a liberdade. Quem tem rotinas não precisa tomar decisões. A vida já está decidida. O cavaleiro nem precisa puxar a rédea: o cavalo sabe o caminho a seguir.
O segundo tipo é quando as férias produzem uma perturbação não esperada na cabeça do cavalo. Aqueles campos verdes sem cercas começam a mexer lá no fundo da sua alma, justo no lugar onde estava enterrado o cavalo selvagem que ele fora um dia, antes do cabresto, do arreio e da castração. E aí um milagre acontece: o cavalo selvagem morto ressuscita, se apossa do corpo do cavalo doméstico, que vira outro e até reaprende as esquecidas artes de relinchar, de empinar, de saltar cercas, de disparar a galope pela pura alegria de correr, imaginando-se um ser alado, Pégaso voando pelas pastagens azuis do céu e pulando sobre as nuvens... É tão bom... E, de repente, deitado sob uma árvore, ele se lembra de que está chegando a sua hora de voltar... Mas ele não quer voltar. Quer ficar. Surgem então, na sua cabeça, perguntas que nunca fizera: “Por que é que eu sempre volto? Será mesmo preciso voltar? Estou condenado ao cabresto, arreio e castração? É isso que é a vida? Por que voltar se não quero? Volto porque é preciso? Mas será que preciso mesmo? Minha vida não pode ser diferente?
Essas ideias malucas só acontecem quando o cavalo está só com seus pensamentos. Férias em solidão são perigosas. É por isso que muitas empresas fazem colônias de férias para os seus empregados. Para que não fiquem sozinhos. Para que não pensem pensamentos doidos. Juntos, eles pensam pensamentos que todos pensam. Pensamentos normais. Os de sempre. O mesmo. Sobre o que conversam os cavalos domésticos nas colônias de férias? Eles conversam sobre cabestros, arreios, carroças, cavaleiros, carroceiros... E, assim, os cavalos selvagens continuam enterrados...
Eu quero me mudar para a Bahia. Eu posso me mudar para a Bahia. Mas eu não vou me mudar para a Bahia. Cavalo doméstico, voltei e vou ficar onde estou, onde sempre estive, pensando e escrevendo que quero me mudar para a Bahia, mas não vou me mudar para a Bahia. A Bahia soltou meu cavalo selvagem... Uma Bahia diferente, sem axé, sem atabaques, sem berimbau, sem capoeira, sem acarajé, sem som eletrônico, sem “o que é que a baiana tem?”, sem vatapá... Uma Bahia anterior à Bahia, uma Bahia muito antiga que está se perdendo na espuma do mar, uma Bahia que me leva ao início do mundo. Foi essa Bahia que viu Sophia de Mello Breyner Andresen, maravilhosa poetisa portuguesa, Bahia virgem, Bahia dos descobridores:
“Um oceano de músculos verdes, um ídolo de muitos braços como um polvo, caos incorruptível que irrompe e um tumulto ordenado, bailarino retorcido em redor dos navios esticados. O mar tornou-se de repente muito novo e muito antigo para mostrar as praias e um povo de homens recém-criados ainda cor de barro, ainda nus, ainda deslumbrados...”
Não, não se trata de praia. Praia é Guarujá, Ipanema, Porto Seguro, Cabo Frio, Camboriú, formigação humana, agito. Nessas praias o barulho não permite que se ouça nem a música do mar, nem a música do vento que balança as folhas dos coqueiros. Uma amiga, voltando de férias de Porto Seguro, disse-me que o barulho das batucadas era tal que ela teve de viajar quarenta quilômetros para ouvir o mar. Faz muitos anos, viajei setecentos quilômetros até Cabo Frio. Quando cheguei à praia, na ilusão do silêncio, fui agredido pelo som infernal que saía de uma barraca. Imagino que chegará um tempo em que todas as praias terão sido estupradas pela insensibilidade humana.
Foi na praia de Mangue Seco, aquela da Tieta do Agreste, a mais linda que já vi, areias brancas alisadas pelo mar imenso, mar sem fim, azul, verde e branco. Meu filho Sérgio tinha três anos quando viu o mar pela primeira vez. Em silêncio ficou a contemplar o mar, as ondas se quebrando sem cessar. E me perguntou: “O que é que o mar faz quando a gente vai dormir?” Era-lhe incompreensível a eternidade do mar. Também me espanto e me pergunto, sem resposta: “Há quanto tempo o mar se quebra alisando a areia?” O mar, a praia, as conchas, o céu, os peixes invisíveis nas profundezas, as gaivotas em voo, me falam da eternidade. Senti-me retornado ao início do mundo: “Foi, desde sempre, o mar...” Até as marcas dos pés, coisas do tempo, haviam sido apagadas pelo vento e pelas ondas. Solidão,


solidão robusta,
uma solidão para todos os lados,
uma ausência humana
que se opõe ao mesquinho formigar do mundo
(Cecília Meireles)


Senti o que sentia Murilo Mendes: “O minúsculo animal que sou acha-se inserido no corpo do enorme Animal que é o universo.” Universo, Animal enorme que me faz viver... Que mais bela experiências místicas posso desejar? Eu e o universo em silenciosa harmonia... Que milagre ou aparição de Virgem pode se comparar a esse sentimento? Eu, infinitamente pequeno, grão de areia e, ao mesmo tempo, infinitamente grande, bebendo o universo com meus olhos...
Quero me mudar para a Bahia. Mas sei que não vou me mudar para a Bahia. E não importa que seja a Bahia. As montanhas de Minas com suas matas e cachoeiras, o mar em cima porque

O mar de Minas não é no mar
O mar de Minas é o céu,
Pro mundo olhar pra cima e navegar
Sem nunca ter um ponto onde chegar.

- também as montanhas de Minas são parte do enorme Animal que é o universo... Quem sabe Pasárgada? Ou Maracangalha...
Todo mundo tem nostalgia por um outro lugar. Todo mundo gostaria de se mudar para um outro lugar mágico. Mas são poucos os que têm coragem de tentar. Talvez por saberem que a Bahia, como Pasárgada, não existe. Ela é um sonho que encanta, que acorda o cavalo selvagem desembestado pelas planícies do infinito. Mas a duração é curta porque a Bahia só existe no efêmero tempo das férias, dentro de uma bolha encantada de eternidade. Quando se volta lá, à procura, descobre-se que a bolha estourou e a Bahia mudou... Para onde terá ido? O triste é que o sonho acaba, mas o cavalo selvagem que o sonho acordou continua vivo. Quer galopar, relinchar, saltar... Mas não tem jeito. No mundo real os cavalos andar devagar, em círculos, sempre o mesmo caminho, fazendo girar a mó. E, enquanto andam, sonham que querem se mudar para a Bahia...
Sobra a memória: as lavadeiras alegremente lavando roupas dentro dos riachos de água límpida; sobra o brilho do sol da tarde refletindo na água espraiada na areia; sobram os divertidos caranguejos assustados correndo de lado com seus olhos-periscópicos esticados...; sobra a imensidão do mar; sobra a imensidão das praias; sobram o azul, o branco, o verde; sobra o silêncio das vozes dos homens; sobra céu estrelado; sobram os coqueirais, a água de coco...; sobra a sensação de se estar em paz com a vida. Disse a Adélia: “Aquilo que a memória amou fica eterno.” Talvez eu não precise me mudar para a Bahia porque ela sobrou dentro de mim...

Rubem Alves

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Um Grande Homem

Nós homens nos caracterizamos por ser o sexo forte, embora muitas vezes caiamos por debilidade.
Um dia, minha irmã chorava em sua casa... Com muita saudade, observei que meu pai chegou perto dela e perguntou o motivo de sua tristeza.
Escutei-os conversando por horas, mas houve uma frase tão especial que meu pai disse naquela tarde, que até o dia de hoje ainda me recordo a cada manhã e que me enche de força.
Meu pai acariciou o rosto dela e disse: “Minha filha, apaixone-se por Um Grande Homem e nunca mais voltará a chorar".
Perguntei-me tantas vezes, qual era a fórmula exata para chegar a ser esse grande homem e não deixar-me vencer pelas coisas pequenas...
Com o passar dos anos, descobri que se tão somente todos nós homens lutássemos por ser grandes de espírito, grandes de alma e grandes de coração, O mundo seria completamente diferente!
Aprendi que um Grande Homem... Não é aquele que compra tudo o que deseja, porque muitos de nós compramos com presentes a afeição e o respeito daqueles que nos cercam.
Meu pai lhe dizia:
"Não se apaixone por um homem que só fale de si mesmo, de seus problemas, sem preocupar-se com você... Enamore-se de um homem que se interesse por você, que conheça suas forças, suas ilusões, suas tristezas e que a ajude a superá-las.
Não creia nas palavras de um homem quando seus atos dizem o oposto.
Afaste de sua vida um homem que não constrói com você um mundo melhor. . Ele jamais sairá do seu lado, pois você é a sua fonte de energia...
Foge de um homem enfermo espiritual e emocionalmente, é como um câncer matará tudo o que há em você (emocional, mental, física, social e economicamente)
"Não dê atenção a um homem que não seja capaz de expressar seus sentimentos, que não queira lhe dar amor.
Não se agarre a um homem que não seja capaz de reconhecer sua beleza interior e exterior e suas qualidades morais.
Não deixe entrar em sua vida um homem a quem tenha que adivinhar o que quer, porque não é capaz de se expressar abertamente.
Não se enamore de um homem que ao conhecê-lo, sua vida tenha se transformado em um problema a resolver e não em algo para desfrutar”.
Não se apaixone por um homem que demonstre frieza, insensibilidade, falta de atenção com você, corra léguas dele.
Não creia em um homem que tenha carências afetivas de infância e que trata de preenchê-las com a infidelidade, culpando-a, quando o problema não está em você, e sim nele, porque não sabe o que quer da vida, nem quais são suas prioridades.
Por que querer um homem que a abandonará se você não for como ele pretendia, ou se já não é mais útil?
Por que querer um homem que a trocará por um cabelo ou uma cor de pele diferente, ou por uns olhos claros, ou por um corpo mais esbelto?
Por que querer um homem que não saiba admirar a beleza que há em você, a verdadeira beleza… a do coração?
Quantas vezes me deixei levar pela superficialidade das coisas, deixando de lado aqueles que realmente me ofereciam sua sinceridade e integridade e dando mais importância a quem não valorizava meu esforço?
Custou-me muito compreender que GRANDE HOMEM não é aquele que chega no topo, nem o que tem mais dinheiro, casa, automóvel, nem quem vive rodeado de mulheres, nem muito menos o mais bonito.
Um grande homem é aquele ser humano transparente, que não se refugia atrás de cortinas de fumaça, é o que abre seu CORAÇÃO sem rejeitar a realidade, é quem admira uma mulher por seus alicerces morais e grandeza interior.
Um grande homem é o que cai e tem suficiente força para levantar-se e seguir lutando...
Hoje minha irmã está casada e feliz, e esse Grande Homem com quem se casou, não era nem o mais popular, nem o mais solicitado pelas mulheres, nem o mais rico ou o mais bonito.
Esse Grande Homem é simplesmente aquele que nunca a fez chorar… É QUEM NO LUGAR DE LÁGRIMAS LHE ROUBOU SORRISOS…
Sorrisos por tudo que viveram e conquistaram juntos, pelos triunfos alcançados, por suas lindas recordações e por aquelas tristes lembranças que souberam superar, por cada alegria que repartem e pelos 3 filhos que preenchem suas vidas.
Esse Grande Homem ama tanto a minha irmã que daria o que fosse por ela sem pedir nada em troca...
Esse Grande Homem a quer pelo que ela é, por seu coração e pelo que são quando estão juntos.

Arnaldo Jabor

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Amor Faz a Diferença

O amor não é a nossa única necessidade emocional. Psicólogos têm observado que entre nossas carências básicas encontram-se a segurança, a autovalorização e o significado. O amor, no entanto, relaciona-se com todas elas.
Se me sinto amado (a) por meu cônjuge, consigo relaxar, pois confio que seu amor não me fará mal algum. Acho-me seguro (a) em sua presença. Posso enfrentar muitas incertezas em meu emprego e ter inimigos em outras áreas de minha vida, mas sinto segurança em
relação a meu cônjuge.
Meu senso de autovalorização é alimentado pelo fato de saber que meu cônjuge me ama. O amor que ele me dedica aumenta minha autoestima.
A necessidade de significado é a força emocional por trás da maior parte de nossos atos. A existência humana é pautada pelo desejo de sucesso. Queremos que nossas vidas valham a pena.
Temos nossas próprias idéias de onde encontrar esse significado e trabalhamos duro para atingir nossos alvos. Ser amado (a) por nosso cônjuge aumenta nosso senso de significado. Concluímos: “Se alguém me ama, então devo significar algo para essa pessoa”.
Tenho significado porque sou a obra-prima da criação. Possuo a habilidade de pensar em termos abstratos, comunicar meus pensamentos por meio de palavras e tomar decisões. Através da palavra escrita ou gravada, posso beneficiar-me com os pensamentos
daqueles que me precederam. Sou enriquecido pelas experiências de outros, mesmo que tenham vivido em épocas e culturas diferentes. Com a morte de meus familiares e amigos, experimento o fato de que há uma existência além do material. Concluo que, em todas as culturas, as pessoas acreditam no mundo espiritual. Meu coração afirma que isso é verdade, mesmo que minha mente, treinada em observação científica, levante questionamentos a
esse respeito.
Tenho significado. A vida possui um sentido. Existe um propósito mais alto. Quero acreditar nisso, mas não consigo encontrar esse significado até que alguém expresse amor por mim. Quando meu cônjuge, de forma amorosa, investe tempo, energia e esforço em minha pessoa, acredito que tenho significado. Sem amor, passo a vida inteira na busca do significado, da autovalorização e da segurança.
Porém, quando experimento o amor, ele impacta positivamente todas estas necessidades. Torno-me então livre para desenvolver meu potencial. Sinto-me mais seguro em minha autoestima e posso canalizar meus esforços para outra direção ao invés de ficar obcecado com minhas próprias necessidades. O amor verdadeiro sempre resulta em libertação.
No contexto do casamento, se não nos sentimos amados, as diferenças tornam-se ampliadas. Observamos um ao outro como ameaça à própria felicidade. Lutamos por autovalorização e significado e o casamento torna-se mais um campo de batalha do que um porto seguro.
O amor não oferece resposta para tudo, mas cria um clima de segurança no qual podemos buscar soluções para as questões que nos aborrecem. Na convicção do amor os casais podem conversar sobre diferenças sem condenação.
Conflitos podem ser resolvidos. Duas pessoas diferentes podem aprender a viver juntas em harmonia. Descobrimos como fazer surgir o melhor de cada um. Podemos chamar a isso tudo de recompensas do amor.
A decisão de amar seu cônjuge encerra um tremendo potencial. Aprender a primeira linguagem do amor dele transforma este potencial em realidade. O amor realmente “faz o
mundo girar”. Pelo menos, isso é afirmado no que diz respeito a Jean e Norman.
Eles viajaram três horas para chegar em meu escritório. Era óbvio que Norman estava contrariado. Jean “torcera seu braço” com a ameaça de deixá-lo. (Não sou a favor e nem recomendo esta atitude, mas as pessoas não podem saber disso antes que nos encontremos.) Estavam casados há trinta e cinco anos e nunca haviam tido um aconselhamento conjugai.
Jean iniciou a conversa.
— Dr. Chapman, gostaria que o senhor soubesse de duas coisas. Em primeiro lugar, não temos problemas financeiros. Li uma revista que afirmava ser o dinheiro o maior problema no casamento.
Este, porém, não é o nosso caso. Nós dois trabalhamos a vida toda, a casa está paga e os carros também. Realmente não temos dificuldades financeiras. Em segundo lugar, o senhor precisa saber que nós não brigamos. Ouço sempre meus amigos dizer das brigas que tiveram. Nós nunca discutimos. Não consigo nem me lembrar da última vez em que tivemos uma discussão. Nós dois concordamos que brigas não levam a nada, então não brigamos.
Como conselheiro, apreciei o fato de Jean jogar um pouco de luz para começarmos. Sabia que ela iria direto ao ponto. Ela demonstrou que agiria assim logo em suas primeiras palavras. Queria ter certeza de que não nos ateríamos ao que não fosse necessário, pois seu objetivo era utilizar o horário que tinha de forma sábia.
Ela continuou:
— O problema é o seguinte: sinto que meu marido não me ama. A vida tornou-se rotineira para nós. Levantamos pela manhã e vamos ao trabalho. De tarde, dedico-me aos meus afazeres e ele aos dele. Costumamos jantar juntos, mas não conversamos. Ele assiste
televisão enquanto comemos. Após o jantar refugia-se no porão e dorme em frente à TV, até que o acordo e digo-lhe que já é hora de ir para a cama. Essa é nossa vida cinco dias por semana. Aos sábados ele joga golfe na parte da manhã, trabalha no jardim às tardes e, às
noites, saímos para jantar com um casal de amigos. Ele dialoga com eles, mas quando entramos no carro para retornar à nossa casa, a conversa simplesmente termina. Quando chegamos, ele dorme em frente à TV até a hora de ir para a cama. Aos domingos pela
manhã vamos à igreja. Nós vamos à igreja toda manhã de domingo.
Ela enfatizou e prosseguiu:
— Depois, almoçamos fora com alguns amigos. Ao chegarmos em casa, ele dorme em frente à televisão a tarde toda. À noite vamos à igreja; depois voltamos para o lar, comemos pipoca e vamos para a cama. Fazemos isso todas as semanas. E é só isso. Somos como dois colegas que moram na mesma casa. Não há nada de especial entre a gente. Não sinto, de forma alguma, que ele me ame. Não há calor, não há emoção. E só vazio, só morte. Não sei se consigo mais
continuar desse jeito.
Aquela altura, Jean chorava. Dei-lhe um lenço de papel e olhei para Norman. Suas primeiras palavras foram:
— Não consigo entendê-la! Tenho feito tudo o que posso para demonstrar que a amo, especialmente nos últimos dois ou três anos, quando ela começou a reclamar mais. Nada parece agradá-la. Não importa o que eu faça pois ela continua a reclamar que não se sente
amada. Não sei mais o que fazer!
Era nítido que Norman estava frustrado e muito irritado. Então eu lhe perguntei:
O que você tem feito para demonstrar seu amor por Jean?
Bem, para começar, eu chego em casa antes dela e todas as noites adianto o jantar. Para falar a verdade, quatro vezes por semana, eu tenho o jantar quase pronto quando ela chega à nossa residência. Na quinta noite da semana, saímos para comer fora.
Depois do jantar, três vezes por semana lavo a louça. Em uma das quatro noites tenho uma reunião, mas por três noites lavo toda a louça. Limpo a casa toda porque ela tem problema de coluna. Faço todo o trabalho de jardinagem porque ela é alérgica ao pólen das flores. Retiro a roupa da secadora e em seguida dobro-a.
E ele prosseguiu a dizer todas as outras coisas que fazia por Jean. Quando terminou de falar, pensei: Esse homem realiza tudo em casa, e o que sobra para a esposa fazer? Não sobrava quase nada para ela!
Norman continuou:
— Faço todas estas coisas para demonstrar meu amor por ela e ainda a ouço lhe dizer a mesma coisa que me afirma há uns dois ou três anos: não se sente amada por mim. Não sei mais o que fazer por ela!
Quando me virei novamente para Jean, ela disse:
— Tudo bem dele fazer todas essas coisas. Mas eu quero que ele se sente no sofá e converse comigo! Nós nunca dialogamos. Há trinta anos que nós não conversamos. Ele está sempre ocupado em lavar a roupa, limpar a casa, cortar a grama. Ele está sempre ocupado em alguma coisa. Quero que ele se sente ao meu lado e dê-me um pouco de seu tempo, olhe para mim, fale comigo sobre nós e nossas vidas.
Jean mais uma vez chorou. Era óbvio para mim que sua primeira linguagem do amor era “Qualidade de Tempo”. Ela clamava por atenção. Queria ser tratada como gente, não como um objeto.
Todo o trabalho de Norman não supria sua necessidade emocional.
Mais tarde, quando conversei com ele, descobri que também não se sentia amado, mas simplesmente não falava sobre isso. Disse-me:
— Se você já está casado há 35 anos, tem suas contas pagas, não brigam um com o outro, o que mais pode esperar?
Ele estava neste ponto, quando lhe perguntei:
— Que tipo de mulher seria ideal para você? Se fosse possível ter uma esposa perfeita, como ela deveria proceder?
Ele, pela primeira vez, olhou-me nos olhos e perguntou:
— O senhor quer mesmo saber?
Respondi-lhe que sim. Ele então sentou-se no sofá, cruzou seus braços e disse:
— Tenho sonhado sobre isso. A esposa perfeita seria aquela que às tardes fizesse o jantar para mim, enquanto eu trabalhasse no jardim, chamasse-me e dissesse que o jantar estava na mesa. Após o jantar, ela lavaria a louça. Eu, possivelmente a ajudaria, mas arrumar a cozinha seria responsabilidade dela. Ela também pregaria os botões de minhas camisas quando eles caíssem.
Jean não conseguiu mais se conter. Virou-se para o marido e disse:
— Não acredito no que ouço. Você me disse que gostava de cozinhar!
Norman então respondeu:
— Eu não me importo de cozinhar. Ele apenas perguntou como seria para mim a esposa ideal. Percebi, também, sem que fossem necessários mais dados, a primeira linguagem do amor de Norman — “Formas de Servir”. Por que você acha que ele fazia todas aquelas coisas para Jean? Porque aquela era a sua linguagem do amor. Em sua mente, aquela era a forma de se demonstrar amor a uma pessoa: através das várias “Formas de Servir”. O problema era que “Formas de Servir” não era a primeira linguagem de amor de Jean. Não tinha, para ela, o
significado emocional que existiria para ele, se ela utilizasse para com ele “Formas de Servir”.
Quando a luz brilhou na mente de Norman, a primeira coisa que ele disse foi:
— Por que ninguém me falou sobre isso trinta anos atrás? Eu teria me sentado no sofá ao lado dela durante quinze minutos, todas as noites, ao invés de fazer todas aquelas coisas.
Ele, então, virou-se para Jean e disse:
— Pela primeira vez em minha vida, entendo o seu sofrimento quando fala que não dialogamos. Eu não conseguia entender isso. Na minha forma de enxergar as coisas, nós conversávamos. Eu sempre perguntava se você dormira bem, e achava que aquilo era uma
diálogo. Mas agora compreendo tudo. Você quer que sentemos no sofá por uns quinze minutos às noites, olhemos um para o outro e conversemos. Só agora entendo o que você desejava dizer, e porque isso é tão importante. E sua linguagem do amor emocional, e vamos
começar hoje à noite mesmo. Vou lhe dedicar quinze minutos naquele sofá, pelo resto de minha vida. Você pode contar com isso!
Jean virou-se para Norman e disse:
— Seria maravilhoso, e também não me importo de fazer o jantar para você. Vai ficar pronto um pouco mais tarde, porque chego do serviço depois de você, mas não me importo em cozinhar. E vou adorar pregar seus botões. Você nunca os deixa soltos o tempo suficiente para que eu possa pregá-los... Também vou lavar a louça pelo resto de minha vida, se isso faz com que você se sinta amado.
Jean e Norman voltaram para casa e começaram a amar-se na linguagem certa um do outro. Em menos de dois meses, achavam-se em uma segunda lua-de-mel. Eles me ligaram das Bahamas para contar sobre a mudança radical que o casamento deles passara.
É possível o amor emocional renascer em um casamento? Pode apostar! A chave é aprender a primeira linguagem do amor de seu cônjuge e decidir utilizá-la.

Fonte: As Cinco Linguagens do Amor

Souvenir

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de um...a época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.

Martha Medeiros

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Amar é um Ato de Escolha

Como falaremos a linguagem do amor um do outro, quando nossos corações estão cheios de mágoa, raiva e ressentimento por fracassos anteriores? A resposta a esta pergunta encontra-se na essência de nossa humanidade. Somos criaturas que fazemos escolhas. Isso significa que temos a capacidade de tomar decisões erradas, o que todos nós já fizemos. Já criticamos pessoas e situações e magoamos muita gente. Não nos orgulhamos dessas escolhas apesar de, no momento, termos justificativas para tê-las feito. Más atitudes realizadas no passado não implica que devamos tornar a fazêlas no futuro. Ao invés disso, podemos dizer:
“Desculpe, eu sei que lhe magoei, mas quero mudar minha atitude. Desejo amá-la (o) em sua linguagem. Quero suprir suas necessidades.” Tenho visto casamentos que estavam à beira do
divórcio serem resgatados após o casal tomar a decisão de se amarem na linguagem um do outro.
O amor não apaga o passado, mas altera o futuro. Quando escolhemos expressar nosso amor de forma mais ativa, e utilizamos para isso a primeira linguagem de nosso cônjuge, criamos um clima emocional que pode curar as feridas dos conflitos e fracassos de nosso passado.
Brent estava em meu escritório. Parecia uma estátua sem sentimentos. Ele fora até lá, não por iniciativa própria, mas a meu pedido. Uma semana antes, sua esposa Becky sentara- se na mesma poltrona onde ele estava e chorara descontroladamente. Entre um soluço e outro ela conseguiu me contar que ele lhe dissera não mais a amar e tomara a decisão de ir embora. Ela estava arrasada.
Quando conseguiu se controlar, ela disse: “Trabalhamos tanto nestes últimos três anos. Sei que não gastamos juntos o mesmo tempo que costumávamos, mas achei que batalhávamos com o mesmo objetivo em mente. Não aceito que ele me diga estas coisas. Ele sempre foi muito bom e carinhoso. É um ótimo pai. Como é que ele pode fazer isso conosco?”
Ouvi enquanto ela descreveu seus doze anos de matrimônio. A mesma história que já se repetiu tantas e tantas vezes. Tiveram um namoro muito “curtido” e casaram-se muito apaixonados.
Experimentaram uma adaptação normal nos primeiros anos do casamento e também perseguiram o “sonho americano”. Após um determinado período, a nuvem da paixão dissipou-se, mas eles não aprenderam o suficiente para falar a primeira linguagem do amor um
do outro. Ela vivia, nos últimos anos, com o “tanque do amor” apenas pela metade, mas recebia expressões de amor suficientes, a fim de pensar que tudo estava bem. Porém, o “tanque do amor” de Brent estava vazio.
Eu disse a Becky que conversaria com Brent. Liguei para ele e falei:
— Como você sabe, Becky esteve em meu consultório e contou-me o esforço que ela está fazendo para salvar o casamento de vocês.
Gostaria de ajudá-la; mas para isso preciso saber o que você pensa a respeito.
Brent concordou sem a menor hesitação e agora encontrava-se sentado à minha frente. Sua aparência externa era exatamente o oposto da de Becky. Ela havia chorado descontroladamente, mas ele estava inabalável. A impressão que eu tive dele é que havia chorado há semanas ou meses atrás e agora existia uma dor interior. A história que Brent contou confirmou minhas suspeitas.
— Eu simplesmente não a amo mais. E isso já ocorre há muito tempo. Não gostaria de magoá-la, mas não há mais proximidade entre nós. Nosso relacionamento esvaziou-se. Não tenho mais
prazer com a companhia dela. Não tenho mais sentimento algum por ela.
Brent pensava e sentia o que centenas de maridos imaginam através dos anos: A famosa frase “não a amo mais”, slogan mental que tem fornecido liberdade emocional para que muitos esposos procurem envolver-se com outras mulheres. O mesmo ocorre com esposas que se utilizam da mesma desculpa.
Entendi Brent porque eu já passara por aquela situação.
Milhares de esposos e esposas também já enfrentaram isso: o vazio emocional; querem fazer a coisa certa, não desejam machucar alguém, mas, devido às carências emocionais, sentem-se compelidos a buscar o amor fora do matrimônio. Felizmente, ainda nos primeiros anos de casamento descobri a diferença entre “paixão” e “necessidade emocional” de sentir-se amado. A maior parte de nossa sociedade ainda não descobriu essa diferença. Os filmes, as novelas, as revistas e os livros românticos unificaram esses dois tipos de amor, para
aumentar nossa confusão. No entanto, eles são completamente diferentes.
A experiência do apaixonar-se, estudada no capítulo três, está a nível dos instintos. Não é premeditada; simplesmente acontece em um contexto normal do relacionamento entre o macho e a fêmea.
Pode ser fomentado ou abafado, mas não surge com base em uma escolha consciente. É de vivência curta (em geral dois anos ou menos), e parece servir à humanidade com a mesma função da chamada para o acasalamento dos gansos selvagens.
A paixão supre, temporariamente, a carência emocional do amor. Passa-nos a sensação de que alguém se preocupa conosco, admira-nos e aprecia-nos. Nossas emoções elevam-se por pensarmos que ocupamos o primeiro lugar na vida de alguém e que ele, ou ela, está disposto a dedicar tempo e energia exclusivamente ao nosso relacionamento. Por um curto período, ou por quanto tempo durar, nossa necessidade emocional por amor está suprida. Nosso “tanque” está cheio; podemos conquistar o mundo. Nada é impossível. Para muitos, essa é a primeira vez em que o “tanque” emocional fica cheio, e isso leva à euforia.
Suprir a necessidade de amor de minha esposa é uma escolha que faço a cada dia. Se eu sei qual é sua primeira linguagem do amor e escolho utilizá-la, suas mais profundas necessidades emocionais serão supridas e ela se sentirá segura em meu amor.
Em tempo, no entanto, descemos das alturas para o mundo real. Se nosso cônjuge aprendeu a falar nossa primeira linguagem do amor, nossa necessidade de sermos amados continuará a ser satisfeita. Se, por outro lado, ele, ou ela, não fala nossa linguagem, nosso “tanque” aos poucos secará, e deixaremos de nos sentir amados. Suprir essa necessidade de nosso cônjuge é, definitivamente, uma decisão. Se eu aprender a linguagem do amor emocional de
minha esposa e falá-la freqüentemente, minha esposa continuará a sentir-se amada. Quando a paixão terminar, isto quase não será percebido por ela, pois seu “tanque” emocional será sempre preenchido. No entanto, se eu não compreender sua primeira linguagem, ou optar por não utilizá-la, quando ela colocar os pés no chão, terá os anseios naturais de quem não possui as carências emocionais supridas. Em razão de viver alguns anos com o “tanque”
do amor vazio, talvez venha a apaixonar-se novamente por outra pessoa e o ciclo outra vez se repetirá.
Suprir a necessidade de amor de minha esposa é uma escolha que faço a cada dia. Se eu sei qual é sua primeira linguagem do amor e escolho utilizá-la, suas mais profundas necessidades emocionais serão supridas e ela se sentirá segura em meu amor.
Se ela fizer o mesmo comigo, minhas necessidades emocionais serão supridas e nós dois viveremos com os “tanques” cheios. Em estado de contentamento emocional, ambos
conseguiremos canalizar nossas energias criativas para vários projetos de vida, e ao mesmo tempo manteremos nosso casamento excitante e em processo de crescimento.
Com estas coisas em mente, olhei para a face empedernida de Brent e imaginei se eu conseguiria ajudá-lo. Pensei se ele já não se apaixonara por outra pessoa. Em caso afirmativo, se estaria no início ou no ápice da paixão. Poucos homens, que estejam com seus "tanques do amor” vazios, abandonam seus casamentos quando têm perspectivas de ver aquela necessidade suprida em outra fonte, sem precisar abandonar a família.
Brent foi honesto e revelou-me que se apaixonara por alguém há vários meses. Disse-me, no entanto, que aquele sentimento iria embora e tinha esperanças de resolver tudo com sua esposa. Mas o relacionamento em casa piorou e seu amor pela outra mulher só aumentava. Ele já não conseguia viver sem seu novo amor.
Interessei-me por Brent e pelo dilema que enfrentava. Ele, sinceramente, não desejava magoar sua esposa e filhos, mas, por outro lado, achava que merecia ser feliz. Eu lhe passei as estatísticas sobre os segundos casamentos (60% terminam em divórcio). Ficou surpreso em ouvir aquilo, mas estava convencido de que isso não aconteceria com ele. Disse-lhe também sobre os efeitos do divórcio nos filhos, mas estava certo de que sempre seria um bom pai para seus filhos e logo superariam o trauma da separação. Conversei com Brent sobre os assuntos deste livro, e expliquei a diferença entre a experiência de se apaixonar e a necessidade profunda de sentir-se amado. Transmiti-lhe as cinco linguagens do amor e
desafiei-o a dar mais uma chance ao seu casamento. Eu sabia que meu enfoque racional e intelectual do matrimônio, comparados com os picos emocionais que ele experimentava, eram como uma pistola de água comparada a uma arma automática de verdade. Brent
agradeceu minha preocupação e pediu que eu fizesse o possível para ajudar Becky. Naquele momento, ele afirmou que não via esperança alguma para seu casamento.
Um mês mais tarde recebi um telefonema de Brent. Ele disse que gostaria de conversar comigo novamente. Desta vez, ao entrar em meu escritório, ele estava visivelmente perturbado. Não era mais o homem calmo e controlado que eu vira anteriormente. Sua amante começava a descer das nuvens e a observar coisas que não apreciava em Brent. Ela se esquivava do relacionamento sexual e ele estava desesperado. Lágrimas vertiam de seus olhos. Ele disse-me o quanto ela significava para ele e o quanto estava sendo insuportável passar por aquela rejeição.
Ouvi, condoído, sua história durante uma hora inteirinha, até que ele pediu meu conselho. Disse-lhe que compreendia seu sofrimento, e a dor emocional que ele experimentava era natural de uma perda, e aquele tipo de sofrimento não passava da noite para o dia. Expliquei-lhe, também, que aquela experiência era inevitável.
Lembrei-lhe da natureza temporária da paixão, e que cedo ou tarde ela despenca-se das alturas para o mundo real. Alguns passam por isso até antes do casamento; outros, após. Ele concordou que era melhor agora do que mais tarde.
Aproveitei a oportunidade para sugerir que talvez aquela crise fosse uma boa oportunidade para que ele e sua esposa fizessem um aconselhamento conjugai. Eu o lembrei de que o amor emocional verdadeiro e duradouro é uma escolha e este poderia renascer, se ele e sua esposa aprendessem a amar um ao outro na linguagem certa de cada um. Ele concordou em ter o aconselhamento conjugai, e nove meses mais tarde Brent e Becky deixaram meu escritório com o matrimônio renovado. Quando, há três anos, vi Brent, ele contou-me que
seu casamento ia muito bem e agradeceu-me novamente por tê-lo ajudado naquela fase tão crucial de sua vida. Disse-me que a dor pela perda do outro amor durou ainda uns dois anos. Depois, sorriu e disse:
“Meu “tanque” nunca esteve tão cheio e Becky é a mulher mais feliz que o senhor já conheceu!”
Ainda bem que Brent foi beneficiado por aquilo que chamo de desequilíbrio da paixão. As coisas são assim mesmo... Dificilmente uma pessoa apaixona-se no mesmo dia que a outra e, quase nunca, desapaixonam-se juntas também. Não é necessário sermos cientistas sociais para chegarmos a tal conclusão. Basta ouvirmos as músicas sertanejas. Neste caso específico, a amante de Brent desapaixonou-se em tempo muito oportuno!
Nos nove meses em que aconselhei Brent e Becky, trabalhamos com vários conflitos que eles jamais haviam parado para resolver. A chave, porém, para o renascer daquele casamento, foi a descoberta da primeira linguagem do amor um do outro e a escolha de aprender a
falá-la freqüentemente.
Quando determinada atitude não é espontânea em você, torna-se uma expressão de amor muito maior.
Deixe-me voltar à pergunta que levantei no capítulo nove:
“O que fazer se a primeira linguagem de nosso cônjuge não for algo natural a nós?”
Sempre me fazem essa pergunta em meus seminários e a minha resposta é:
“E que problema haverá nisso?”
A linguagem do amor de minha esposa é “Formas de Servir”.
Uma das coisas que sempre faço para ela como expressão de meu amor é passar o aspirador na casa. Vocês acham que fazer isso é algo natural para mim? Minha mãe costumava mandar que eu limpasse a nossa residência. Durante o tempo todo de escola, até o final do colegial, eu não podia ir jogar bola aos sábados enquanto não terminasse de limpar a casa toda. Naquela época eu dizia para mim mesmo: “Quando eu me casar, nunca mais vou tocar em um aspirador!
Vou arrumar uma esposa que faça isso!”
Hoje, no entanto, limpo nossa casa e faço-o frequentemente.
Existe somente uma razão para isso: Amor. Por dinheiro algum eu limparia qualquer outra residência; mas faço o que faço por amor. Daí, conclui-se que, quando você precisa fazer algo que não é natural para si, essa expressão de amor torna-se muito maior e mais significativa.
Minha esposa sabe que, quando limpo a casa, aquilo é nada menos que 100% do mais puro e genuíno amor, e realmente assumo o crédito disso!
Alguém pode chegar e dizer o seguinte:
“Mas Dr. Chapman isso é diferente! Eu sei que a primeira linguagem de meu cônjuge é o “Toque Físico”, mas eu não estou acostumado (a) a isso. Nunca vi meus pais se abraçarem e eles também nunca me afagaram! Eu não sei nem como começar. O que eu faço?”
Minha resposta é a seguinte:
“Você tem duas mãos? Consegue colocá-las juntas? Ótimo! Agora imagine que seu cônjuge esteja no meio do círculo formado por seus braços. Puxe-a (o) até você. Aposto que se abraçá-la (Io) três mil vezes, ficará mais confortável continuar a fazê-lo. Mas conforto não é
a questão. Falamos sobre amor, algo que se faz para outra pessoa e não para nós mesmos. A maioria de nós faz, diariamente, muitas coisas que não são naturais. Para alguns, o próprio levantar pela manhã já é algo difícil. Porém, lutamos contra nossos sentimentos e saímos da cama. Por quê? Acreditamos que algo naquele dia compensará aquele “sacrifício”. E, normalmente, antes que o dia termine, sentimo-nos bem por termos tomado aquela decisão. Nossas ações precedem nossas emoções.”
O mesmo ocorre com o amor. Descobrimos a primeira linguagem do amor de nosso cônjuge e tomamos a decisão de aprender a falá-la, quer ela nos seja natural ou não. Não
reivindicamos sentimentos ardentes e delirantes. Simplesmente, escolhemos fazê-lo para o bem daquele (a) a quem amamos.
Desejamos suprir as necessidades emocionais de nosso cônjuge e dispomo-nos a falar sua linguagem do amor. Com isso, seu “tanque do amor” enche-se e há chances de que a recíproca também ocorra de forma que ele também fale a nossa primeira linguagem. Nesse
processo nossas emoções retornam e nosso “tanque do amor” começa a encher.
Amar é uma decisão. E cada cônjuge pode iniciar esse processo hoje mesmo.


Fonte: As Cinco Linguagens do Amor

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Descobrindo sua Primeira Linguagem do Amor

Descobrir a primeira linguagem do amor de seu cônjuge é essencial para você manter sempre cheio o seu “tanque do amor”. Porém, vamos primeiramente nos certificar de que você sabe qual é a sua própria linguagem. Após conhecer as cinco:
- Palavras de Afirmação;
- Qualidade de Tempo;
- Receber Presentes;
- Formas de Servir;
- Toque Físico,
algumas pessoas saberão instantaneamente a primeira linguagem tanto delas como a de seus cônjuges. Outros, porém, não terão tanta facilidade. Alguns são como Bob, de Parma Heights,
Ohio, que após ouvir sobre as cinco linguagens do amor, disse-me:
— Não sei, não... Estou em dúvida entre duas dessas linguagens. Não sei onde me encaixar.
— Quais delas? — perguntei.
— Toque Físico e Palavras de Afirmação —, respondeu Bob.
— O que você entende por Toque Físico? — perguntei.
— Bem, principalmente, sexo — Bob respondeu. Procurei sondá-lo um pouco mais, por intermédio de mais perguntas:
— Você não aprecia quando sua esposa passa a mão em seu cabelo, faz uma massagem em suas costas, dá-lhe beijos e abraços, mesmo fora da relação sexual?
— Eu gosto disso tudo, e jamais rejeito isso; porém o mais importante para mim é a relação sexual. Só assim sinto que minha esposa realmente me ama. Mudando do Toque Físico para Palavras de Afirmação, perguntei:
— Quando você diz que Palavras de Afirmação também são importantes, a quais se refere?
— A palavras positivas. Quando ela diz que estou bem arrumado e sou um profissional competente; quando ela expressa apreciação pelas coisas que faço em casa; quando elogia o tempo que fico com as crianças; quando diz que me ama — todas essas coisas são realmente importantes para mim.
— Você costumava ouvir esse tipo de elogio de seus pais em sua infância e juventude?
— Raramente — Bob respondeu. O que eu sempre ouvia de meus pais eram críticas ou cobranças. Pensando bem, acho que essa foi a primeira coisa que me atraiu em Carol. Ela sempre me dizia
Palavras de Afirmação.
— Deixe-me perguntar-lhe mais uma coisa: Se Carol supre suas necessidades, ou seja, se os dois tiverem relações sexuais de “alta qualidade” todas as vezes que você desejar, mas por outro lado ela o criticar e fizer uma série de cobranças e, algumas vezes, até o
desprezar perante amigos, você acha que ainda se sentiria amado por ela?
— Acho que não. Sentir-me-ia traído, profundamente magoado e deprimido.
Então lhe disse:
— Bob, acho que sua primeira linguagem do amor é Palavras de Afirmação. Relações sexuais são extremamente importantes para você e seu senso de intimidade com Carol. Porém, as Palavras de Afirmação que ela lhe diz são mais necessárias para sua parte emocional. Veja bem: se ela fosse verbalmente crítica o tempo todo, chegaria uma hora em que você não teria mais desejo de ter relações com ela, porque estaria muito magoado.
Bob cometeu um erro comum a muitos outros: assumir que o Toque Físico é a sua primeira linguagem do amor, devido ao intenso desejo por sexo que possui. Para o homem, o prazer sexual tem base física. Ou seja, as relações sexuais são estimuladas pela formação das
células dos espermas e do fluido nos canais seminais. Quando eles estão cheios, há um impulso para liberá-los. Portanto, o desejo sexual masculino tem raiz fisiológica.
A maioria dos problemas sexuais no casamento tem pouco a ver com técnicas físicas, mas tudo a ver com o suprimento das necessidades emocionais.
Para a mulher, entretanto, o desejo pelo sexo baseia-se nas emoções e não na fisiologia. Não há alguma base física que a motive e impulsione para ter relações sexuais. O prazer feminino tem sua motivação no emocional. Se ela se sentir amada, admirada e apreciada por seu marido, então terá o desejo de ter intimidade com ele. Porém, sem a proximidade emocional, ela terá pouco desejo físico.
Devido ao fato do homem possuir impulsos físicos a serem liberados em bases regulares, ele automaticamente assume que essa é sua primeira linguagem do amor. Mas, se ele não aprecia toques físicos em outros momentos que não no interlúdio sexual, essa é uma grande indicação de que o toque físico não seja sua primeira linguagem do amor. O desejo sexual é muito diferente de suas necessidades emocionais de ser amado. Isso não significa que a relação sexual não seja importante para ele — é extremamente necessária — mas, apenas o relacionamento sexual não suprirá sua necessidade de ser amado. Sua esposa, da mesma forma, deverá aprender a falar sua primeira linguagem do amor.
Quando a esposa fala a primeira linguagem do amor do marido, e enche assim seu “tanque do amor”, e ele fala a primeira linguagem do amor dela, de forma que seu “tanque do amor” também esteja cheio, o fator sexual desse relacionamento ocorrerá de forma automática. A maioria dos problemas sexuais no casamento tem pouco a ver com técnicas físicas, mas tudo a ver com o suprimento das necessidades emocionais.
Após conversarmos mais um pouco, Bob refletiu e disse:
— E, acho que o senhor está certo. Palavras de Afirmação é
definitivamente minha primeira linguagem do amor. Quando ela é ríspida e crítica comigo, minha tendência é me afastar sexualmente dela e fantasiar com outra mulher. Mas, quando ela diz que me admira e gosta de mim, meus desejos sexuais automaticamente se voltam para ela.
Bob fizera ali, em nossa breve conversa, uma descoberta muito significativa.
Qual é a sua primeira linguagem do amor? O que faz com que você se sinta mais amado (a) por seu cônjuge? O que você mais deseja? Se a resposta a essas perguntas não surge imediatamente em sua cabeça, talvez eu o possa ajudar o ajude a dar uma olhada na
utilização negativa das linguagens do amor:
O que seu cônjuge faz, ou diz, ou deixa de expressar ou realizar, que mais o (a) magoa? Se, por exemplo, o que mais o (a) aborrece forem críticas e julgamentos, então talvez sua linguagem do amor seja Palavras de Afirmação. Se a sua primeira linguagem do
amor for usada de forma negativa por seu cônjuge, ou seja, se ele realizar exatamente o contrário daquilo que deveria fazer para encher seu “tanque do amor”, então aquela atitude machucá-lo-á mais do que a outra pessoa, pois além de negligenciar o fato de falar sua
primeira linguagem, utiliza-a como uma faca para feri-lo (la).
Lembro-me de Mary, em Kitchener, Ontario, quando me disse:
“Dr. Chapman, o que mais me fere é Ron, meu marido, nunca levantar uma palha para me ajudar em casa. Ele assiste televisão enquanto realizo todo trabalho. Não entendo como pode fazer isso, se diz que me ama!”
O fato dela ficar tão magoada por Ron não a ajudar com as coisas da casa era a chave para se perceber sua primeira linguagem do amor: Formas de Servir. Se você fica muito triste porque faz muito tempo que seu cônjuge não lhe dá um presente, então, talvez, sua primeira linguagem do amor seja Receber Presentes. Se sua maior dor é proveniente de que seu cônjuge raramente lhe dedica um momento de atenção, então Qualidade de Tempo é sua primeira
linguagem do amor.
Outra forma de se descobrir sua primeira linguagem do amor é olhar para o passado do seu casamento e perguntar:
“O que eu mais solicitei de meu cônjuge?”
Aquilo que você mais requisitou é, possivelmente, algo que faz parte de sua linguagem do amor. Tais solicitações que, provavelmente, foram interpretadas por seu cônjuge como
“superficiais”, são, no entanto, tentativas de assegurar o amor dele para com você.
Elizabeth, que mora em Maryville, Indiana, utilizou-se dessa forma para descobrir sua primeira linguagem do amor. Ela partilhou comigo, ao final de um sessão do seminário:
“Ao olhar para trás, aos dez anos de meu casamento e perguntar a mim mesma o que mais solicitei de Peter, minha linguagem do amor tornou-se óbvia. Tenho, quase sempre,
requisitado dele “Qualidade de Tempo”. Repetidamente sugiro que façamos um piquenique; passemos um fim-de-semana na praia; desliguemos a televisão e conversemos por, pelo menos uma hora; caminhemos juntos e assim por diante. Sinto-me negligenciada e mal-amada porque ele raramente aceita minhas propostas. Tenho recebido lindos presentes em meu aniversário e em ocasiões especiais e Peter não entende por que não tenho demonstrado mais entusiasmo com eles.”
Fez uma pequena pausa e continuou:
“Durante seu seminário, surgiu uma luz no fim do túnel e nós dois percebemos isso. Durante o intervalo, meu marido pediu-me perdão por, durante todos estes anos, ter sido tão duro e resistente às minhas solicitações. Ele prometeu que as coisas serão diferentes daqui para frente, e eu acredito que sim.”
Outra forma para seu cônjuge descobrir sua primeira linguagem do amor é observando o que você faz e diz para expressar amor a ele. Há grandes chances de que o que realiza por ele (ela), seja exatamente aquilo que gostaria que ele (ela) fizesse por você. Se, porventura, constantemente se utiliza de Formas de Servir para com seu cônjuge, talvez (nem sempre) essa seja sua linguagem do amor.
Se Palavras de Afirmação fazem com que você se sinta amado (a), há grandes chances de que as utilize para transmitir amor ao seu cônjuge.
Portanto, você pode descobrir sua própria linguagem do amor ao perguntar-se: Como, de forma consciente, expresso amor a meu cônjuge?
Mas... lembre-se de que essa é apenas uma possível dica para se descobrir sua linguagem do amor; não é um indicador infalível.
Por exemplo: um marido que aprendeu com seu pai a expressar amor à esposa através de presentes, faz isso por seguir os passos de seu pai. No entanto, Receber Presentes talvez não seja sua primeira linguagem. Ele, simplesmente, faz o que via seu pai praticar.
Dê uma parada e escreva em um papel,o que, em sua opinião, é sua linguagem do amor. Depois aliste as outras quatro em ordem de importância.
São três as sugestões para se descobrir a primeira linguagem do amor:
1. O que seu cônjuge faz, ou deixa de realizar, que mais o (a) magoa? O oposto a isso é, provavelmente, sua linguagem do amor.
2. O que você mais solicita de seu cônjuge? Aquilo que mais requisita dele, é provavelmente o que faz você sentir-se mais amado(a).
3. Qual a forma mais freqüente de você expressar amor a seu cônjuge? Essa pode ser uma indicação de que, através da mesma, também se sentiria amado (a).

Ao utilizar estas três indicações, provavelmente será possível descobrir sua primeira linguagem do amor. Se ficar em dúvida entre duas delas, e achar que qualquer uma poderia ser a sua, existe a possibilidade de você ser bilíngüe. Desta forma, as coisas ficam mais
fáceis para seu cônjuge. Agora, ele tem duas escolhas em que ambas lhe comunicarão amor de forma mais profunda.
Dois tipos de pessoa terão dificuldade em descobrir suas primeiras linguagens do amor. A primeira delas é a que mantém seu “tanque do amor” cheio durante longo tempo. O cônjuge expressa seu amor através de várias formas e ele não tem certeza sobre qual delas faz com que se sinta mais amada (o). Ele simplesmente sabe que é amada (o). O segundo tipo é aquele cujo “tanque do amor” está vazio há tanto tempo, e não se lembra mais o que o (a) faz sentir-se amado (a).
Em ambos os casos, se voltarem à época em que se apaixonaram e perguntarem-se a si mesmos: O que me atraía nele (nela) naquela época? O que ele (ela) fazia, ou dizia, que me motivava a querer ficar ao seu lado? Se você conseguir “cavoucar” essas reminiscências, obterá uma idéia de qual seja sua primeira linguagem do amor. Outro método seria o de perguntar-se a si mesmo (a): Que tipo de esposo/esposa seria melhor para mim? Se fosse possível ter um cônjuge perfeito, como ele seria? A imagem que você projetar do (a) esposo (a) ideal pode lhe dar alguma dica de qual seja sua primeira linguagem do amor.
Depois disso tudo, gostaria de sugerir que gastasse um pouco de tempo e escrevesse a respeito de qual você acha ser sua primeira linguagem do amor. Depois, aliste as outras quatro, em ordem de importância. Registre, também, qual em sua opinião é a primeira
linguagem do amor de seu cônjuge. Se desejar, relacione também as outras quatro em ordem de importância. Sente-se com seu (sua) esposo (a) e conversem sobre qual, em sua opinião, é a primeira linguagem do amor dele/dela. Daí, digam um ao outro quais vocês acham ser suas próprias linguagens do amor.
Uma vez que tenham compartilhado essas informações, sugiro que “brinquem” três vezes por semana um jogo chamado “Checagem de Tanque”. Divirtam-se da seguinte maneira: Ao chegarem em casa, perguntem um ao outro:
“Em uma escala de zero a dez, como está seu “tanque do amor” hoje à noite?”
Zero significa vazio e 10 quer dizer cheio até a boca e não há mais como colocar algo. Faça uma leitura em seu próprio “tanque do amor” — 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 ou 0. Seu cônjuge, então, deverá perguntar:
“O que farei para ajudar a enchê-lo?”
E aí você faz a sugestão — algo que gostaria que seu (sua) esposo (a) fizesse ou dissesse naquela noite. E o melhor que puder, ele deverá atender sua solicitação. Depois, invertam a situação e repitam o mesmo esquema de forma que ambos tenham oportunidade de ler as condições de cada “tanque do amor” e fazer sugestões de como enchê-lo. Se “jogarem” assim durante o três semanas, ficarão motivados a continuar, de maneira informal, esta sincera e prática forma de expressar amor.
Um marido me disse:
— Não gostei da brincadeira do “tanque do amor”. Eu o joguei com minha esposa. Cheguei em casa e perguntei a ela em que ponto em uma escala de zero a dez achava-se o “tanque” dela naquela noite. Ela respondeu que em torno de 7. Daí, perguntei-lhe de que forma eu poderia ajudar para que ele enchesse mais um pouco. Sabe o que ela me respondeu?
— A melhor coisa que você poderia fazer para mim esta noite era lavar a roupa.
E ele mesmo concluiu:
— Amor e roupa para lavar? Não dá para entender... Então eu lhe disse:
— O problema é exatamente esse! Você não entende a linguagem do amor de sua esposa. Qual é a sua?
Sem pestanejar ele disse:
— Toque Físico e especialmente no campo sexual do casamento.
— Então escute bem o que eu vou lhe dizer: O amor que você desfruta quando sua esposa o ama através do toque físico, é o mesmo que ela sente quando lhe pede para lavar a roupa.
— Então ela pode trazer toda a roupa que tiver que eu lavo já!
Lavo roupa todas as noites se isso fizer com que ela se sinta tão bem!, ele gritou.
Se por acaso você ainda não descobriu sua primeira linguagem do amor, faça anotações das vezes em que jogaram “Checagem do Tanque”. Quando seu cônjuge lhe perguntar o que ele poderá fazer para encher seu tanque do amor, sua sugestão, provavelmente, será uma indicação de sua primeira linguagem do amor. Suas solicitações poderão ser provenientes de qualquer uma das cinco linguagens, mas a maior parte delas possivelmente virá de sua primeira linguagem do amor.
Talvez alguns de vocês estejam, a esta altura, pensando o que um casal de Zion, Illinois, Raymond e Helen, me disse:
“Dr. Chapman, tudo isso parece muito lindo, mas o que fazer se a primeira linguagem de nosso cônjuge for uma que não seja natural a nós?”
Amanhã você terá a resposta...

Fonte: As Cinco Linguagens do Amor

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

As Crises e o Toque Físico

De forma mais ou menos instintiva, abraçamos uns aos outros em tempos de crise. Por quê? Pois o “Toque Físico” é um poderoso comunicador de amor. Em épocas difíceis, mais do que em qualquer outra, precisamos nos sentir amados. Nem sempre devemos mudar as situações, mas podemos superá-las se nos sentirmos amados.
Todos os casamentos atravessam crises. A morte dos pais é inevitável. Acidentes automobilísticos aleijam e matam centenas de pessoas anualmente. Enfermidades não respeitam ninguém. Desapontamentos fazem parte da vida. A coisa mais importante a ser feita por seu cônjuge quando este atravessar alguma crise na vida, é amá-lo. Se a primeira linguagem do amor de seu (sua) esposa (a) for o “Toque Físico”, nada será mais importante do que abraçá-lo (a) quando ele (a) chorar. Suas palavras talvez não tenham muita importância, mas o toque físico comunicará que você se preocupa com ele(ela). As crises propiciam uma oportunidade singular para se expressar amor. Toques afetuosos serão lembrados muito tempo ainda após as dificuldades terem passado. Porém, a ausência de seu toque talvez jamais seja esquecida.
Desde minha primeira visita a West Palm Beach, na Flórida, muitos anos atrás, recebo com alegria os convites para voltar e dar meus seminários naquela região. Em uma dessas ocasiões, conheci Pete e Patsy. Eles não eram originários da Flórida (poucos o são), mas já moravam ali há vinte anos e sentiam-se em casa. Meu seminário fora promovido pela igreja local, e no percurso do aeroporto para a igreja o pastor comunicou-me que Pete e Patsy haviam solicitado que eu passasse a noite na casa deles. Procurei demonstrar contentamento, mas sabia de experiências anteriores que aquele tipo de solicitação implicaria em uma sessão de aconselhamento até altas horas da madrugada. No entanto, eu me surpreenderia mais de uma vez naquela noite.
Quando o pastor e eu adentramos aquela espaçosa casa estilo espanhol, decorada com muito bom gosto, fui apresentado a Patsy e Charlie, o gato da família. Ao olhar ao redor pude aferir que ou os negócios de Pete iam muito bem, ou seus pais deixaram-lhe uma grande fortuna, ou ele estava enterrado em dívidas. Depois descobri que meu primeiro palpite estava correto. Quando me levaram ao quarto de hóspedes, Charlie, o gato, antecipou-se e pulou na cama onde eu dormiria, e esticou-se muito à vontade. Eu pensei: Esse gato está com tudo!
Pete chegou logo depois e comemos um delicioso lanche.
Ficou combinado que jantaríamos após o seminário. Várias horas mais tarde, enquanto ceávamos, eu aguardava o momento em que a sessão de aconselhamento começaria. Mas não começou. Ao contrário do que imaginei, Pete e Patsy formavam um casal saudável e feliz. Para um conselheiro isso é uma raridade. Estava curioso para descobrir qual era o segredo deles, mas me encontrava exausto, e como sabia que ambos me levariam no dia seguinte ao aeroporto, decidi fazer minha sondagem ao amanhecer. Eles, então,
conduziram-me a meu quarto.
Charlie, o gato, foi muito gentil em deixar o quarto quando eu cheguei. Saltando da cama ele procurou outro local e eu, em poucos minutos, assumi seu lugar naquele confortável leito. Após uma rápida reflexão sobre aquele dia, adormeci. Antes, porém, que perdesse o contato com a realidade, a porta do quarto foi escancarada e um monstro pulou sobre mim! Eu ouvira falar sobre o escorpião da Flórida, mas aquele não era um deles. Sem pensar sacudi o lençol que me cobria e com um grito lancinante atirei-o contra a parede.
Ouvi seu corpo bater, seguido de um silêncio. Pete e Patsy correram, acenderam a luz e nós três olhamos para Charlie, ainda estendido no chão.
Pete e Patsy sempre se recordam disso e eu jamais me esquecerei. Charlie recobrou-se em alguns minutos e saiu rapidinho dali. Para falar a verdade, Pete e Patsy contaram-me que ele nunca mais entrou naquele quarto!
Após meu episódio com Charlie, não sabia se Pete e Patsy ainda me levariam ao aeroporto e nem se teriam algum interesse por mim. Meus temores, no entanto, desaparecerem quando após o seminário ele me disse:
“Dr. Chapman, já cursei vários seminários mas nunca ouvi alguma descrição tão clara a respeito de Patsy e de mim como a que o senhor fez. A linguagem do amor é realmente uma verdade. Não vejo a hora de lhe contar nossa história!”
Após despedir-me das pessoas presentes ao seminário, saímos a caminho do aeroporto, em nosso percurso de aproximadamente 45 minutos. Pete e Patsy começaram, então, a contar-me sua história.
Nos primeiros anos de seu casamento tiveram grandes problemas.
Porém, 22 anos atrás, seus amigos disseram-lhes que eles formavam o casal perfeito. Pete e Patsy realmente acreditavam que seu matrimônio “fora realizado nos céus”.
Eles cresceram na mesma comunidade, frequentaram a mesma igreja e estudaram no mesmo colégio. Seus pais tinham estilos de vida e valores semelhantes. Pete e Patsy apreciavam muitas coisas em comum. Ambos gostavam muito de jogar tênis, velejar e sempre conversavam a respeito de como possuíam os mesmos interesses.
Eles, aparentemente, tinham todas as similaridades que se acredita necessários para se diminuir os conflitos em um casamento.
Começaram o namoro no segundo ano da faculdade. Faziam cursos diferentes, mas davam sempre um jeito de se encontrar pelo menos uma vez por mês e em algumas ocasiões especiais. Ainda na escola estavam convencidos de que “haviam nascido um para o outro”. Ambos, no entanto, concordaram em terminar a faculdade antes de se casarem. Pelos três anos seguintes tiveram um relacionamento idílico. Um final de semana ele a visitava em seu campus, e no outro era a vez dela retribuir a visita dele. No final de semana seguinte eles iam para suas casas visitar suas famílias, mas a maior parte do tempo também ficavam juntos. No quarto final de semana de cada mês, no entanto, ambos concordaram que não se veriam e utilizariam o tempo para desenvolver atividades de seus interesses pessoais. Com exceção de eventos especiais como
aniversários, realmente respeitavam esse planejamento. Três semanas após receberem seus diplomas, ele em economia e ela em sociologia, casaram-se. Dois meses depois, mudaram para a Flórida onde apareceu uma ótima chance de emprego para Pete. Eles estavam a 3.200 quilômetros de distância do parente mais próximo, e podiam desfrutar de uma eterna lua-de-mel.
Os primeiros três meses foram emocionantes — mudar, achar um apartamento e curtir um ao outro. O único motivo de conflito que tinham era a louça para lavar. Pete achava que ele possuía uma técnica mais eficiente para aquela tarefa. Patsy, no entanto, não
concordava com aquela idéia. Chegaram, então, a conclusão de que quem fosse lavar a louça, utilizaria a forma que desejasse. E aquela discussão foi desfeita. Eles tinham uns seis meses de casamento quando Patsy achou que Pete estava se afastando dela. Trabalhava horas além do expediente normal e, ao chegar em casa, gastava tempo demais no computador. Quando finalmente conseguiu manifestar a sua desconfiança a Pete, ele respondeu que não a estava evitando, mas sim tentava manter-se no auge de seu emprego. Disse também que ela não compreendia a pressão que ele sofria em seu trabalho, e quão importante era que ele se saísse bem no primeiro ano de atividade. Patsy não ficou muito satisfeita, mas resolveu dar-lhe o espaço solicitado.
Ao final do primeiro ano, Patsy estava desesperada.
Patsy fez amizade com diversas senhoras que moravam no mesmo condomínio onde ela residia. Quando sabia que Pete trabalharia até mais tarde, fazia compras com suas amigas ao invés de ir direto para casa após o trabalho. Algumas vezes ela ainda estava
ausente quando ele chegava. Aquilo o aborrecia muito e ele passou a acusá-la de negligência e irresponsabilidade. Patsy respondia:
— Parece o roto falando do rasgado! Quem é o irresponsável? Você não se dá ao luxo nem de me telefonar para avisar a que hora chegará em casa... Como eu posso esperá-lo, se nem ao menos sei quando virá?! E, quando chega, fica o tempo todo colado naquela droga de computador. Você não precisa de uma esposa; tudo o que necessita é de um computador.
Pete, então, respondeu em um tom de voz mais alto:
— Eu pre-ci-so de u-ma es-po-sa. Será que você não entende? O ponto é exatamente esse. Eu pre-ci-so de u-ma es-po-sa!
Mas Patsy não conseguia entender. Ela estava muito confusa.
Em sua busca por respostas foi a uma biblioteca pública e leu vários livros sobre casamento. Ela pensava: “O casamento não pode ser desse jeito! Eu tenho que achar uma resposta para a nossa situação”.
Quando ele ia para o computador, ela pegava firme no livro. Durante várias noites lia direto até meia-noite. Pete, ao se deitar, percebia o que ela fazia e lá vinham comentários sarcásticos, do tipo:
— Se você tivesse lido todos esses livros quando estava na faculdade, teria tirado A em todas as matérias!
Patsy respondia:
— Só que eu não estou na faculdade. Encontro-me casada e, no momento, ficaria muito satisfeita com um “C”!
Pete então ia para a cama sem abrir mais a boca; apenas a olhava.
Ao final do primeiro ano, Patsy estava desesperada. Ela já falara com Pete sobre isso, mas dessa vez comunicou-lhe calmamente:
— Vou procurar um conselheiro conjugai. Você gostaria de ir comigo?
Pete então respondeu:
— Não preciso de um conselheiro conjugai. Não tenho tempo para isso e nem posso pagar uma consulta!
— Então, eu vou sozinha — disse Patsy.
— Tudo bem, é você mesmo quem precisa de conselhos.
A conversa terminou. Patsy sentiu-se totalmente abandonada e sozinha, mas na semana seguinte ela marcou uma consulta com um conselheiro conjugai. Após três semanas aquele psicólogo entrou em contato com Pete e perguntou se ele poderia conversar com ele sobre
suas perspectivas a respeito do casamento. Pete concordou e o processo de cura começou. Seis meses depois eles deixavam o consultório do conselheiro com o casamento renovado.
Eu, então, perguntei a Pete e Patsy:
— O que foi que vocês aprenderam no aconselhamento que favoreceu essa virada em seu casamento?
Pete então respondeu:
— Em resumo, Dr. Chapman, aprendemos a falar a primeira linguagem do amor um do outro. O conselheiro não usou esse vocabulário, mas quando o senhor falou hoje em seu seminário, as luzes se acenderam. Minha mente voltou à época de nosso aconselhamento e percebi que foi exatamente isso que aconteceu conosco. Nós finalmente aprendemos a falar a linguagem do amor um do outro.
Eu então perguntei:
— E qual é sua linguagem do amor, Pete?
— “Toque Físico” —, ele respondeu sem titubear.
— Sem a menor sombra de dúvida! Acrescentou Patsy. Voltei-me então para ela:
— E qual a sua linguagem do amor, Patsy?
— “Qualidade de Tempo”, Dr. Chapman. Era isso que eu pedia quando ele gastava todo aquele tempo com o trabalho e o computador.
— Como você descobriu que o “Toque Físico” era a linguagem do amor de Pete?
— Levou um tempo. Pouco a pouco, essa característica começou a surgir durante as sessões de aconselhamento. No começo, acho que Pete nem se apercebeu.
Pete então completou:
— É isso mesmo. Eu estava tão inseguro em minha autoestima que levou um tempão até que eu identificasse e percebesse que a ausência do toque de Patsy havia feito com que eu me afastasse dela. Eu nunca disse que precisava do toque dela. Em nossa época de
namoro e noivado, eu sempre tomava a iniciativa de abraçar, beijar, andar de mãos dadas, e ela sempre foi receptiva. Isso fazia com que eu achasse que ela me amava. Após nosso casamento houve situações em que eu a procurei fisicamente e ela não correspondeu.
Achei que ela estivesse muito cansada devido às suas responsabilidades no novo emprego. Eu não percebi, mas concluí isso pessoalmente. Senti-me como se ela não me achasse mais atraente. Então, decidi que não tomaria mais a iniciativa para não me
sentir mais rejeitado. E esperei, para ver quanto tempo demoraria até que ela decidisse beijar-me, tocar-me ou demonstrar uma nova experiência sexual. Cheguei a esperar seis semanas por um toque.
Aquilo foi insuportável. Eu me afastava para ficar longe da dor que apertava quando estava com ela. Sentia-me rejeitado, dispensado e mal-amado. Então Patsy acrescentou...
— Eu não tinha a menor idéia de que ele se sentia dessa forma.
Sabia que não me procurava mais. Não nos abraçávamos, nem nos beijávamos como antes, mas achei que, desde que estávamos casados, isso não era mais tão importante para ele. Compreendia também que estava sob pressão no trabalho. Não tinha, porém, a menor idéia que ele desejava que eu tomasse a iniciativa.
Fez uma pausa e prosseguiu:
— E foi exatamente como ele disse. Eu vivi semanas sem tocá-lo.
Isso nem passava por minha mente. Eu preparava as refeições, mantinha a casa limpa, colocava a roupa para lavar e tentava não atrapalhá-lo. Honestamente, eu não sabia o que mais poderia fazer.
Não entendia o afastamento nem a falta de atenção dele. Não é que eu não apreciasse tocá-lo. E que para mim isso não era tão importante. Receber sua atenção, seu tempo é o que me fazia sentir amada. Não importava se nos beijássemos ou abraçássemos. Desde
que ele me desse sua atenção, eu me sentia querida.
Respirou fundo e continuou:
— Levou um bocado de tempo até que localizássemos a raiz do problema e, ao descobrirmos que não supríamos a necessidade de amor um do outro, demos uma virada em nosso relacionamento.
Quando comecei a tomar a iniciativa de tocá-lo, foi impressionante o que aconteceu. Sua personalidade e seu ânimo mudaram drasticamente. Eu ganhei um novo marido. Quando ele se convenceu de que eu realmente o amava, então começou a ficar mais sensível às
minhas necessidades.
— Ele ainda tem computador em casa? — perguntei.
— Tem sim. Mas raramente o usa e, quando o faz, está tudo bem porque eu sei que ele não está “casado” com o computador.
Fazemos tantas coisas juntos, que se tornou fácil para mim dar-lhe a liberdade para usar o computador quando quiser.
Pete então disse:
— O que me deixou pasmo no seminário hoje foi a forma como sua palestra sobre as linguagens do amor reportou-me aos anos passados. O senhor disse em vinte minutos o que levamos seis meses para aprender.
— Bem, não importa a rapidez com que se aprende uma coisa,mas sim o quanto se desfruta dela. E, obviamente, vocês assimilaram isso muito bem.
Pete é uma das pessoas que possuem o “Toque Físico” como a primeira linguagem do amor. Emocionalmente, este tipo anseia que seu cônjuge o toque fisicamente. Um gostoso cafuné na cabeça ou nas costas, andar de mãos dadas, abraços apertados ou não, relações
sexuais — tudo isto e outros “toques de amor” fazem parte das necessidades emocionais de quem possui o “Toque Físico” como sua primeira linguagem do amor.

Fonte: As Cinco Linguagens do Amor