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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Travessia

 Milton Nascimento
Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu canto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu canto, vou querer me matar

http://www.youtube.com/watch?v=i9OMDgeUyRI



quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Saudade a dois










A saudade tem prazo de validade.

Não pode permanecer muito tempo guardada. Não pode permanecer muito tempo não sendo correspondida.

Depois de aberta e fora do convívio, assim como o leite, a saudade azeda. E não há memória refrigerada para conservá-la.

Quando passa da hora, aquela falta ansiosa e comovente é capaz de se tornar ironia e sarcasmo.

O suspiro se transforma em ofensa – nos enxergaremos tolos e burros por confiar cegamente em alguém e esperar à toa. Reclamaremos nossa idiotice por termos feito uma vigília em vão, por termos esquecido de viver.

Já não queremos que o outro volte, já desejamos que ele nunca mais apareça em nossa frente. Violentaremos as lembranças, fecharemos a reza.

A ternura de antes será trocada pela raiva de não ser atendido. Mudaremos a personalidade de nossa conversa, de doce para ácida. Pois o segredo (a saudade é um segredo!) que nos alimentou durante meses não fora respeitado.

Infelizmente, a saudade apodrece.

Quando deixamos de pedir a presença para cobrar a ausência. É sutil o movimento. Toda a atenção dedicada ao longo de um período começa a ser vista como desperdício. Não aconteceu retorno das juras, nem o estorno das expectativas.

Você mandou centenas de mensagens, renunciou saídas com amigos e bares, teve uma vida discreta e fiel, só para honrar uma despedida, e percebeu que, no fim, sempre esteve sozinho na saudade.

Saudade é como o amor. Perece quando não é a dois.

Aliás, quando a saudade não é a dois, deixa de ser saudade para se descobrir solidão.

A saudade é o que guardamos do amor para o futuro. É o que deixamos para amar no futuro.

Nada dói tanto quanto um amor que não vingou após os cuidados do plantio.

Nada dói tanto quanto a saudade que envelhece, uma saudade que definhou pela indiferença, que não foi valorizada pela nossa companhia, que não desembocou em festa.

Nada dói tanto quanto promessas feitas gerando ressentimento.

A saudade não é eterna. Acaba quando percebemos que o amor era da boca para fora, que a urgência era interesse, que a necessidade era falsa.

A saudade é uma esperança de amor. Precisa ser consumida rapidamente, não mais que três meses. Senão, nos consome e nos estraga.


Fabrício Carpinejar

domingo, 1 de dezembro de 2013

Ah.... o amor!

Eu queria falar de um amor maior que o das canções de amor
Maior que dos filmes, que das novelas, maior que o amor genitor
Um amor que afaga, acalanta, que é gentil, pacificador

Eu queria falar de um amor maior que o das canções de amor
que não amputa, não julga, não cega
Falar sem medo de usar clichê, de ser cafona ou brega.
Não somente desse amor conjugal, tão normal nas canções de amor
Um amor que não virasse doença terminal
Que não ficasse trancado entre quatro paredes

Eu queria falar de um amor que rompesse a barreira do som,
Que não precisasse ouvir sininhos
Que estivesse rodeado de vizinhos
Porque amor não pode ser sozinho

O amor está em quem já deu, em quem doou, em quem doeu
O amor está no sim,
O amor não tem fim, e ponto final.
Um amor sem norma, que transforma


Alexandre Nero.
http://www.youtube.com/watch?v=Rt6hfUbXV1w

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Livres, sem amarras

Quais são as cadeias que nos prendem? Quais são as amarras que nos impedem de sermos verdadeiramente livres? Todos estes questionamentos me vieram à mente hoje ao meio dia. Enquanto esperava o início da jornada vespertina, eu e meu amigo começamos a conversar com Edinéia, uma conhecida moradora de rua que vive nas redondezas do nosso trabalho.
Apesar de estar sob efeito etílico, a moça de 28 anos, uma vida sofrida e muito esclarecida, parecia gritar por socorro e paramos para ouvi-la.
Órfã, todas as vezes que falava sobre a morte da mãe, há oito anos, não conseguia conter as lágrimas. Edinéia já passou por cinco cesarianas, entregou três dos seus filhos para adoção, agora vive uma gravidez psicológica, mas não aceita o tratamento necessário.
Embora carregue um olhar triste, ela é dona de uma beleza única e, envergonhada, diz que há tempos deixou de ser uma princesa. Apesar de não ser escrava do relógio, não precisar prestar contas a ninguém, Edinéia é presa a uma dor imensa e um vício que chegam a sufocá-la. Para muitos ela é invisível ou mais uma na estatística para outros.
Quando questionamos se ela queria tratamento ou ajuda para largar o crack, ela titubeava, ora aceitava, ora desistia. Queria expor seus medos, mas se calava assim que ameaçava contar sua história. História que ela disse querer esconder e que não merece ser lembrada.

Que amarras são essas que ainda prendem Edinéia? Como ajudá-la a sonhar, como Luther King e como fazê-la cantar e viver o velho gospel negro “Livres enfim! Livres enfim!”?

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Vai ser melhor assim...

Em clima de Alexandre Nero... 
Algumas cicatrizes não serão apagadas nunca, mas acredite, elas um dia deixam de doer!
: )




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Experiências repartidas

Expor minha história em rede nacional deu a permissão para que outras pessoas - conhecidas ou não - repartam suas histórias de vida  comigo!
Emociono-me com cada uma delas e tenho tido a certeza de que nada foi em vão.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fidelidade, sempre!

No centenário de Vinicius, impossível não publicar aqui o Soneto de Fidelidade... que haja homens e mulheres dispostos a amar de verdade e manter o respeito, a lealdade e a fidelidade!

Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Malandragem

A última edição da Revista Veja trouxe o artigo "Clientela ideal", de J.R. Guzzo. E compartilho com vocês alguns trechos...

 "A palavra argentina que teve mais sucesso no Brasil, do seu desembarque até o dia de hoje, é 'otário'. Amamos essa palavra. Quer dizer: amamos essa palavra quando ela é aplicada aos outros ou, mais exatamente, quando não é aplicada a nós."

"No Rio de Janeiro, especialmente, é coisa muito séria, do milionário ao engraxate, manter durante a vida uma reputação de não otário. Vale para o Brasil todo, é claro - ser chamado de otário, em qualquer parte do território nacional, é ofensa grave. Mas no Rio, por alguma razão que é melhor deixar para a apreciação dos mestres em psicologia social, é insulto maior ainda - assim como é um orgulho, assumido ou disfarçado, considerar-se portador da imagem oposta, a do 'malandro'. Depende, naturalmente, da circunstância e do jeito com que a palavra é usada, mas é frequente que o indivíduo classificado como malandro sinta que recebeu um elogio. Vale como um genérico para todo tipo de avaliação positiva: ser tido como malandro é ser tipo como inteligente, esperto, habilidoso, experiente, prático, capaz de cuidar de si mesmo, vacinado contra a suprema humilhação de 'ficar no prejuízo'."

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Também no Facebook

Eu vivi a dor da traição e da decepção com o homem que eu amei. O rompimento me causou sofrimento, mágoa e muitas cicatrizes. Foi preciso liberar perdão, a ele e a mim, para que eu pudesse me reconstruir.
A história não é de hoje (e vocês que acompanham este blog sabem muito bem disso), mas a pedidos, criei uma página no Facebook.
E
spero que você também possa se reencontrar e ser feliz!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Jornal de Beltrão e meu muito obrigada


Ontem, fui entrevistada pela jornalista Cristiane Sabadin, do Jornal de Beltrão. A matéria ficou bem legal e compartilho com vocês! O texto completo você pode ler aqui.

Obrigada, Cris!

Também quero agradecer a toda a produção do programa Encontro. Meu muito obrigada à  Luciana, sr. Fernando, Rodrigo, Tarsila, Claudia, Janaina e Fátima, pelo carinho, recepção e, principalmente, pelo respeito.
Todos vocês são ótimos e especiais!





quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Encontro, com Fátima Bernardes


Hoje, sem dúvida, vivi uma experiência única em minha vida. A participação no programa "Encontro", da Fátima Bernardes, foi um presente. O tempo foi curto e não pude falar do blog, mas foi muito bom.
Pra quem perdeu o programa, segue o link.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Encontros

Realmente a vida nos proporciona encontros inesperados. Tanto é verdade, que nesta quarta-feira (2), serei uma das entrevistadas do programa "Encontro", com Fátima Bernardes. O tema? O blog!
Assista ao programa e comente! : )


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Mala Cheia

O mesmo horário, a mesma rota, pessoas e ponto de ônibus. Tudo igual, se não fosse uma mala vazia que eu estava carregando. E foi a curiosidade de um senhor que aguardava o ônibus que fez com que iniciássemos uma longa conversa.

Este senhor de quase 70 anos, mora na mesma rua que eu e trabalha como advogado, em um escritório, bem próximo ao meu trabalho. Há quase dois anos o vejo, pelo menos uma vez na semana, mas nunca trocamos mais do que “Bom dia” ou “Boa tarde”!

Véspera de feriado e às 18 horas, é preciso ter paciência no trânsito de Curitiba e a espera por chegar a minha casa rende histórias e mais histórias.

Depois das devidas apresentações, o Seu Fernando me contou que é um estudioso de nomes. Rimos de alguns nomes estranhos, como “Eva Dias”, “Florisvaldo”, “Maikon Gecksson”, mas foi quando contei o nome da minha sobrinha, que este homem, cujo nome significa guerreiro, ficou com os olhos cheios de lágrimas.

_ “Marina?” – perguntou ele.

Quando confirmei, ele me disse que assim se chamava o grande amor da vida dele.

Questionei, então, se havia sido com ela que ele havia se casado e tido sua filha. De cabeça baixa, ele me confessou que não e que se arrependia até hoje por não ter vivido aquele amor.

Foi casado durante 34 anos, teve uma filha, separou-se e hoje comemora a netinha Bruna, mas revela que nunca mais amou de verdade, nem foi realizado em sua união. Como nunca deixou de ter notícias da mulher amada, não conteve as lágrimas ao dizer que não foram felizes as últimas informações que recebeu sobre ela.

Ao me despedir do Seu Fernando, a minha mala – outrora vazia – estava mais pesada, repleta de histórias de vida, de amor e desamores.

Continuei meu caminho na certeza de querer viver plenamente a minha vida e um grande amor!


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Olhos nos Olhos... Chico, sempre Chico!

Chico Buarque 

Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Gosto... simplesmente gosto!

Gosto de pessoas simples! Daquelas que transbordam simplicidade sem fazer força e mesmo assim são cheias de interessantes histórias e conhecimento. Admiro pessoas sábias e que com generosidade repartem saberes, mas não suporto um nariz empinado e o vazio da alma.
Gosto de um bate-papo sem rodeios, com pessoas conhecidas ou não. Gosto de boas rodas de mate e de músicas, compartilhado entre companheiros. Aprecio o tempo dedicado às amizades e àqueles que posso chamar de meus.
Gosto de olhos nos olhos, de transparência, da pureza nas palavras. Amo a fidelidade e a cumplicidade... a hipocrisia me leva à exaustão. Amo uma crise incontrolável de risos e não dispenso um abraço caloroso e um reencontro. Gosto da sinceridade das crianças e de um afago verdadeiro.

Gosto... simplesmente gosto!

Silvia Bocchese de Lima

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Nunca



Nunca diga não pra mim
Eu não vou poder trabalhar, conversar, descansar sem o teu sim
Seja sempre assim
Por favor me dê um sinal
Um cartão postal, um aval dizendo assim
'Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim
Entre o não e o sim, só me deixe quando
o lado bom for menor do que o ruim'

Nunca se esconda assim
Eu não vou saber te falar, te explicar que
Eu também me assusto muito
Você nunca vê que eu sou só um menino destes tais
Que pensam demais
Logo mais, vou correr atrás de ti.
'Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim
Entre o não e o sim, só me deixe quando
O lado bom for menor do que o ruim'

A Banda Mais Bonita da Cidade

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Vivendo na dimensão do desvelo

“Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor” (Cântico dos Cânticos).


Com a humildade de um eterno aprendiz, pois em matéria de amor nunca se sabe tudo, proponho aos leitores, no contexto do dia dos namorados, uma reflexão sobre três sentimentos que alicerçam a relação a dois quando vivida na dimensão do desvelo: o cuidado, a ternura e a carícia. Segundo Leonardo Boff, a palavra cuidado tem origem etimológica em duas expressões latinas: "cura" (se escrevia coera) e “cogitare ou cogitatus”. Ambas significam “atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação, de colocar atenção e de inquietação pela pessoa amada”. Quando vivemos na dimensão do cuidado, o 'outro' passa a ser a referência primeira. A relação deixa de ser marcada pelo domínio para ser con-vivência. As pessoas passam a perceber que não existem na solidão, mas co-existem no plural. Ter cuidado por alguém que amamos implica em respeitá-la e acolhê-la com as suas virtudes e com os seus defeitos. É uma atitude que implica em reciprocidade e complementaridade. Um é importante ao outro. Para Boff, quando se vive na dimensão do cuidado, os problemas e dificuldades são superados "pela paciência perseverante. No lugar da agressividade, há a convivência amorosa. Em vez de dominação, há a companhia afetuosa, ao lado e junto com o outro".

A ternura é outro princípio essencial para desfrutar a vida na dimensão do desvelo. Assim como o cuidado, ela surge com maior vigor quando nos descentramos de nós mesmos e nos direcionamos ao outro. A ternura nos torna mais sensíveis e nos leva a comungar da vida do outro com maior intensidade e intimidade. Ela rega a relação e se reveste dos pequenos gestos e palavras para tornar-se presença no cotidiano. A carícia é mais um princípio do existir na perspectiva do desvelo. Segundo Boff, é importante distinguir duas possibilidades de manifestação da carícia. A primeira é a carícia que se manifesta "como pura excitação psicológica”, como fruto de uma paixão passageira. É a carícia do ‘ficar’, da cultura hedonista tão presente na sociedade moderna, ou seja, o prazer pelo prazer e sem qualquer compromisso. A segunda possibilidade de manifestação da carícia é aquela que respeita o outro em sua diversidade. É a carícia que irrompe de dentro do coração e da alma de quem ama. É o ato de afagar, acariciar, mimar e acalentar. Afago é meiguice.

Estes três sentimentos – o cuidado, a ternura e a carícia – são fundamentais para a qualidade da relação a dois, assim como, no âmbito das demais relações familiares. Entretanto, sabemos que nem sempre eles estão presentes. As rotinas e preocupações do dia a dia podem impedir a manifestação dos mesmos. Viver a dois é uma construção que requer paciência e tempo. Como diz a sabedoria popular, “é um tijolinho por dia”. É essencial manter uma atitude de vigilância diária para não permitir que ações externas ou internas destruam a convivência. Neste sentido, o livro “Cântico dos Cânticos”, repleto de poemas que celebram o amor e os perigos que o acompanham, nos recomenda: “Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. A metáfora das "vinhas em flor" é utilizada para evidenciar a formosura e o encantamento do amor entre dois amantes. Há, porém, um perigo que ronda as vinhas e pode destruí-las: as raposas e as raposinhas. Na verdade, elas podem devastar os vinhedos. Por isso, é imperativo que as raposas sejam capturadas. É um desejo dos amantes que nada destrua ou interfira no amor que os une. Capturar as raposas expressa o anseio de se desfrutar de um lugar tranqüilo e idealizado para viver este grande amor, longe de todos os problemas que possam perturbar uma relação amorosa. Fica claro o desejo dos amantes de viver a relação a dois na dimensão do desvelo. Entretanto, sabem dos perigos que rodam o relacionamento. 

Ainda hoje, após milhares de anos da criação deste poema, e diante da beleza e dureza destas metáforas, os enamorados, de qualquer idade, devem se perguntar: “As nossas vinhas estão em flor? Quais são as ‘raposas e raposinhas’ que podem destruí-las”? São perguntas fundamentais para o fortalecimento da relação amorosa, pois muitos casais só percebem a presença das ‘raposinhas’ quando as vinhas já estão destruídas. Perceber o encanto diário de uma vinha florida é essencial para manter acesa a chama do amor. É possível expressar este encantamento por meio do cuidado, da ternura e da carícia, sentimentos que nos tornam mais humanos. Não vamos deixar que as "raposas e raposinhas" entrem em nossas vinhas em flor e causem grande devastação. O desvelo, como vimos, requer vigilância e preocupação. Devemos ficar atentos para que a mesmice e a burocratização não se instalem e façam morada no espaço íntimo da vida a dois. "Quem ama cuida", diz uma canção popular. 


Clovis Pinto de Castro
(clovis.shalom@gmail.com)



Texto publicado na Gazeta de Piracicaba, 09.06.2013, p. 3.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Eu e você sempre

A melhor releitura desta música que eu já ouvi! Simplesmente passei a amar a música. Luiza e Jhama perfeitos! : )



Eu e você sempre
(Jorge Aragão/Flávio Cardoso)

Logo, logo, assim que puder, vou telefonar
Por enquanto tá doendo
E quando a saudade, quiser me deixar cantar
Vão saber que andei sofrendo
E agora longe de mim, você possa enfim
Ter felicidade
Nem que faça um tempo ruim, não se sinta assim
Só pela metade
Ontem demorei pra dormir, tava assim, sei lá,
Meio passional por dentro
Se eu tivesse o dom de fugir pra qualquer lugar,
Tinha feito um pé de vento
Sem pensar no que aconteceu, nada, nada é meu,
Nem o pensamento
Por falar em nada que é meu,
Encontrei o anel que você esqueceu
Aí foi que o barraco desabou,
Nessa que meu barco se perdeu,
Nele está gravado só você e eu

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ideia genial!!!!

Depois de traída, namorada faz “caça ao tesouro” com pertences do companheiro




A carta aqui em cima foi publicada no Facebook e teve quase 900 mil visualizações. É o roteiro de uma caça ao tesouro preparado por uma namorada traída que, depois de descobrir via Facebook que o namorado não era fiel. Confira a íntegra traduzida:
“Oi, amor!”
“Adivinha quem deixou o Facebook aberto e recebeu uma mensagem da Kelsi? Isso! Você! :)
Mas não se preocupe, eu não quebrei nada! <3 Na verdade, eu fui legal o suficiente pra empacotar suas coisas. E eu até inventei um jogo maneiro, já que eu sei que você curte procurar coisas (tipo outras garotas). Olha onde você vai encontrar suas coisas:
<3 Suas roupas estão no lugar do nosso primeiro encontro!
<3 Seus videogames estão no lugar do nosso primeiro beijo!
<3 Seu laptop está no lugar onde compramos nosso primeiro game juntos!
<3 Sua TV está onde chegamos aos “finalmentes”
<3 Todo o resto, incluindo fotos dos últimos dois anos da nossa vida, está NA CASA DA KELSI!
Divirta-se! Ah, e ainda que eu não tenha quebrado ou danificado nada, não posso garantir que outras pessoas não vão encontrar suas coisas. Boa caçada!”
A internet ama namoradas meio psicóticas, vide o meme Overly Attached Girlfriend, e talvez isso explique o sucesso da cartinha.

Fonte: http://colunas.revistagalileu.globo.com/buzz/2013/06/03/depois-de-traida-namorada-faz-caca-ao-tesouro-com-pertences-do-companheiro/

domingo, 26 de maio de 2013

Eu Apenas Queria Que Você Soubesse

Gonzaguinha 

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também
E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

 Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

 Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

terça-feira, 14 de maio de 2013

Aritmética da Solidão

Quando fiquei novamente solteiro, estava decepcionado com o mundo.

Entendia a solidão como sarcasmo. Minhas roupas não enchiam mais uma máquina de lavar, a comida estragava na geladeira, toda noite era fim melancólico de domingo.

Não fazia sentido estar sozinho. Logo eu, que sempre defendi a vida a dois, logo eu, que sempre valorizei o casamento, logo eu, que dizia que liberdade na vida é ter um amor para se prender – me enxergava amaldiçoado, raivoso com a falta de sorte, ofendido com as separações.

Reclamava da sina aos amigos da injustiça, já profetizava que ficaria encalhado o resto dos dias, já me preparava para ser um canalha incorrigível, já prometia encerrar o destino romântico e rasgar as crônicas enternecidas.

Minha filha Mariana buscou me acalmar. Saiu comigo para esfriar o drama. Afinal, até ópera tem intervalo.

– Pai, dá um tempo na choradeira...

– É fácil dizer porque não é contigo.

– Está se sentindo o único separado da terra, que coisa, relaxa, olha para os lados.

– É que parece que jamais vou encontrar a mulher de minha vida. Adoro a convivência a dois.

– Você já é dois, pai.

Aquela frase me confortou: eu era dois. Era inteiro. Não dependia de ninguém para me completar. Não precisava levantar os braços para o ônibus de recolhe. Não morreria de sede como uma samambaia. Poderia me cuidar, me dar ao luxo de ser egoísta e não mendigar alianças.

No momento em que aceitei a solteirice, e sorria dentro dela, conheci Juliana. E tudo que abandonei floresceu furiosamente em meus olhos. O cara que não queria mais um envolvimento sério voltou a oferecer declarações eternas.

O cara que não queria mais casamento passou a se imaginar no altar. O cara que não queria mais ter filhos descartou de vez a vasectomia. O cara que não mais confiava nas mulheres começou a desconfiar dos homens.

O namoro venceu o apocalipse, mas não eliminou a dúvida. Havia o receio de reprisar histórias anteriores. 

Fui conversar com Juliana:

– Eu sou dois sozinho.

– Pode ser três comigo – ela corrigiu. 

Eu ri. E completei:

– Então, posso ser quatro contigo. Eu e minha solidão, tu e tua solidão.

Nunca mais seria metade de ninguém. Nem de mim mesmo.

Fabrício Carpinejar 
Publicado no jornal Zero Hora 
Coluna semanal, p. 2, 14/05/2013
Porto Alegre (RS), Edição N° 17432

domingo, 28 de abril de 2013

Saber Viver

Não sei...
Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.

(Cora Coralina)

sábado, 20 de abril de 2013

Minha mulher não é furacão

(Fabrício Carpinejar)

Você não é um furacão.

Trata-se de uma cilada masculina.

Não aceite ser nomeada desse jeito.

Representa um falso cumprimento.

Todo homem diz que a mulher é um furacão como projeção: é o que ele deseja da companhia, não é o que ela é. 

Pode soar sedutor, pode sugerir passionalidade, pode sugerir fogo e charme, porém é uma armadilha.

Sua intenção não é boa.

Furacão não é convidado.

Furacão passa rápido.

Furacão é somente sexo.

Furacão é pressa.

Furacão não tem endereço, nem infância.

Furacão destrói lares, arrebenta relacionamentos.

Furacão não chora, não se arrepende de colecionar vítimas.

Furacão não pergunta duas vezes.

Furacão não volta, não cria raízes, não se despede.

Furacão é triste, solitário, assim como vulcão.

Furacão é vazio, repetitivo, rancoroso.

Furacão não deixa bilhetes, não tem recaídas.

Chamar uma mulher de furacão é uma forma machista de se expressar e impor brevidades amorosas.

Quando alguém lhe caracteriza de furacão, não está festejando sua vida.

Pretende usá-la e não se responsabilizar pelas consequências, busca explorar sua fugacidade, destacar sua intemperança, avisar que é fácil, que não pensa, que age por impulso, que não mede a força.

Furacão é carente, perdido, uma nuvem dançando seu sofrimento.

Furação deserda, não conquista.

Furacão devasta, não reúne.

Ninguém namora um furacão.

Ninguém casa com um furacão.

Furacão é reduzir a mulher ao papel de amante, é considerá-la uma ameaça da intimidade, um rastro desorganizado e provisório.

A mulher que amo não é um furacão, e sim brisa, um sopro calmo que veio estudado das marés.

É a soma das ondas, o resto de estrelas, o cheiro casado das rochas e das conchas.

Não subestime a intensidade da insistência.

A brisa é mais contundente do que o furacão.

A brisa me faz virar o rosto, pressinto alguém chegando.

A brisa tem o peso exato de uma palavra no ouvido.

É vento, mas também é um chamado.

É vento, mas também é saudade.

É vento, mas também é música.

É espuma de vento, levemente úmido, meio água, meio ar.

Mulher minha não é furacão.

Mulher minha é brisa.

E nunca será minha porque vento não se enjaula.

Teremos casa, filhos, pátio, varanda, e não cansaremos de contar como nos conhecemos.

Fonte: http://carpinejar.blogspot.com.br/2013/04/minha-mulher-nao-e-furacao.html

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Desequilibrada


“Indispensáveis para o equilíbrio vital!” É assim que Vinícius de Moraes define a sua necessidade pelos verdadeiros amigos. O sentimento que me invade hoje é de total desequilíbrio. Algo se rompeu entre mim e meu amigo mais querido.

Já se passaram mais de vinte anos quando em pleno julho, na fria e ventosa Telêmaco Borba, os organizadores do evento em que participávamos, bateram à porta do quarto em que eu estava. Questionaram se eu dispunha de cobertores e roupas de frio para emprestar ao grupo de desprevenidos nordestinos. Como havia levado dois cobertores emprestei um deles e este foi o início de uma bela amizade, que nasceu ainda na nossa infância. 

Lembro-me do seu carinho comigo desde então, do convite para jantarmos juntos e do meu rubro facial que denunciava uma vergonha incontrolável. Sequência do jantar foi um apelido carinho que carrego até hoje. Uma espécie de código, que dá a certeza de que apesar de tudo estamos próximos.

Recordo-me que em uma tarde, enquanto brincava de “escolinha” com minha prima (sim eu era criança ainda), o carteiro passou e logo a minha mãe avisou: “Silvinha, tem carta pra você!”. Era a sua primeira correspondência vinda da Rua Luzitânia, n°96, com destino à Baixada Industrial. O tempo passava e podíamos até ficar alguns meses sem contato, mas nunca perdemos o vínculo. Nas minhas piores perdas e dores, meu amigo aparecia, mesmo à distância e o conforto da sua amizade e suas palavras me enchiam de paz. Todos os meses de maio, por carta, telefone ou mesmo carinho sem ser dito, recordava-me do aniversário do Roger.

E quando eu achava que nunca mais o veria, uma pessoa entrou em nossa história. Se houve algo de bom que esta pessoa nos proporcionou foi o nosso emocionante reencontro. Duas décadas que não cabiam em um abraço. E essa mesma pessoa foi a responsável pela nossa separação. Hoje meu coração sofre mais pela perda do amigo do que do falso amor de um namorado. Nossa amizade foi maculada. Meu coração está em pedaços e o desequilíbrio de Moraes toma conta da Moranguinho.

Autoestima


domingo, 7 de abril de 2013

Mais Uma Vez

(Renato Russo)



Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!
Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de noitecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!


sexta-feira, 15 de março de 2013

Essa tal felicidade

Hoje, nos 15 anos sem Tim Maia... um clássico: "Essa tal felicidade"!



Essa Tal Felicidade Tim Maia
Já rodei todo esse mundo
Procurando encontrar
Um amor um bem profundo
Que eu pudesse realizar
Os meus sonhos de criança
Como todo mundo faz
De formar uma família
Como era a dos meus pais

Mas o tempo foi passando
E a coisa mudou
Solidão foi se chegando
E se acostumou
E essa tal felicidade
Hei de encontrar

Mesmo se eu tiver que escolher
Se eu tiver que esperar
 De uma coisa não desisto
Sou fiel não abro mão
De ter filhos ter amigos
Companheira e irmãos

Se essa vida é bonita
Ela é feita pra sonhar
Mais aumenta o meu desejo
De afinal te encontrar
Mas o que eu não me acostumo
É com a solidão
Um pedaço do seu beijo
Ou o seu coração
Isso já me fortalece
Me faz delirar
Mesmo se eu tiver que escolher
Se eu tiver que esperar

sexta-feira, 1 de março de 2013

Leminski

"Amor, então também, acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima." Paulo Leminski

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Super Clarice

"Às vezes me pergunto se é pior esquecer, ou desejar que nunca tivesse acontecido." Clarice Lispector

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Travessias

"Dos relacionamentos que você já teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente você foi modificado para melhor?
Será que você é a lembrança doída na vida de alguém? Será que você já construiu cativeiros? Ou será que já viveu em algum?
Será que já idealizou demais as situações, as pessoas e por isso perdeu a oportunidade de encontrar situações e as pessoas certas?
Sejam quais forem as respostas, não tenha medo delas. Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa, pois as perguntas são pontes que nos favorecem travessias."


Padre Fábio de Melo