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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Conversa de Qualidade

Como as palavras de afirmação, a linguagem da “Qualidade de Tempo” também possui vários dialetos. Um dos mais utilizados é o da conversa de qualidade. Afirmo com isso a existência de um diálogo acolhedor onde duas pessoas compartilham experiências, pensamentos, emoções e desejos, de forma amigável, e em um contexto sem interrupções. A maioria das pessoas que reclamam que seus cônjuges não conversam, raramente não toma parte em algum diálogo mais íntimo. Se afirmam isso é porque nada falam, de forma literal. Querem dizer que se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo”, esse tipo de diálogo é importantíssimo para sua parte emocional, no que diz respeito a sentir-se amado.
Conversa de qualidade é bem diferente da primeira linguagem do amor. Palavras de afirmação focalizam o que afirmamos, ao passo que conversa de qualidade focaliza o que ouvimos. Se externo meu amor por você através da “Qualidade de Tempo” e gastamos esse tempo juntos, significa que este propósito estará em fazer você vir à tona, ouvir atentamente o que pretende dizer. Farei perguntas, não por obrigação, mas com o desejo genuíno de entender seus pensamentos, sentimentos e desejos.
Conheci Patrick quando ele tinha 43 anos e estava casado há dezessete. Lembro-me bem dele porque suas primeiras palavras foram dramáticas. Ele se sentou na cadeira de couro de meu escritório e após uma breve apresentação inclinou-se para frente e disse tomado de grande emoção:
— Dr. Chapman, tenho sido um idiota, um perfeito idiota!
Perguntei-lhe:
— O que o fez chegar a essa conclusão?
— Tenho 17 anos de casado e, de repente, minha mulher me deixou. Só agora pude perceber como sou idiota!
Ao ouvir suas palavras, mantive minha pergunta inicial:
— De que forma você acha que tem sido um idiota?
— Deixe-me explicar. Minha esposa chegou em casa após um dia de trabalho e contou-me que estava passando por alguns problemas em seu emprego. Eu a ouvi e disse-lhe o que ela deveria fazer. (Eu sempre lhe dei conselhos.) Então afirmei que ela mesma precisava confrontar aquela situação, pois os problemas não costumam sumir facilmente, e ela deveria conversar com as pessoas envolvidas ou o supervisor de seu departamento. Seria necessário que ela enfrentasse aquela situação. No dia seguinte, porém, ela chegou do serviço e falou dos mesmos problemas. Eu então perguntei se ela fizera o que eu sugerira no dia anterior. Ela sacudiu a cabeça e disse que não. Repeti, naquele momento, o mesmo conselho. Disse-lhe que aquela era a forma correta de lidar com a situação. No dia seguinte ela chegou em casa e apresentou novamente os mesmos problemas. Mais uma vez eu lhe perguntei se fizera o que eu propusera. Mais uma vez ela sacudiu a cabeça e disse que não. Após umas três ou quatro noites fiquei muito bravo e disselhe que não contasse mais comigo enquanto não fizesse o que eu lhe recomendara. Ela não precisava viver sob aquela pressão, pois resolveria seu problema se simplesmente fizesse o que eu lhe falara.
Na próxima vez em que ela veio me falar sobre aquele problema, eu lhe disse:
— Não quero mais ouvir sobre isso. Já lhe falei várias vezes o que fazer. Se você não quer ouvir meus conselhos, também não desejo mais ouvir falar sobre este assunto!
Muitos de nós somos treinados a analisar problemas a fim de dar-lhes soluções. Esquecemos que o casamento é um relacionamento, e não um projeto a ser terminado ou um problema a ser resolvido.
Ele prosseguiu o seu relato:
— Eu me retirei e dirigi-me ao meu trabalho. Como fui idiota! Agora percebo que, quando ela me falava sobre suas lutas no trabalho, não desejava meus conselhos. Ela queria solidariedade. Desejava que eu a ouvisse, desse-lhe atenção, e dissesse-lhe que entendia a dor, a pressão e a tensão pelas quais passava. Ela queria ouvir que eu a amava e estava ao seu lado. Ela não desejava conselhos, porém a minha compreensão. Mas eu jamais tentei entendê-la. Estava muito afastado dela ao conceder-lhe apenas conselhos. Que louco fui eu! E agora ela foi embora. Por que a gente não percebe estas coisas quando estamos passando por elas? Eu estava completamente cego para o que acontecia. Só agora percebo como falhei com ela.
A esposa de Patrick suplicava por uma conversa de qualidade.
Emocionalmente, ela esperava que ele lhe desse ouvidos ao ouvir sua dor e frustração. Patrick, porém, não focalizava sua atenção em ouvir, mas em falar. Ele escutava somente o suficiente para perceber o problema e formular uma saída. Ele não a ouvia o tempo necessário para compreender sua súplica por apoio e compreensão.
Nós somos como Patrick. Somos treinados para tomar conhecimento dos problemas e dar soluções. Esquecemos que o casamento é um relacionamento, não um projeto a ser terminado ou um problema a ser resolvido. Uma convivência a dois implica em simpatia, em ouvir com a intenção de entender o que o outro cônjuge pensa, sente e deseja. Devemos também estar dispostos a aconselhar, mas somente quando solicitados e jamais de forma arrogante. A maioria de nós não sabe ouvir. Somos mais eficientes em pensar e falar. Aprender a ouvir pode ser tão difícil quanto estudar uma língua estrangeira. Porém, se quisermos comunicar o amor, precisamos aprender. Isso é especialmente importante, se a primeira linguagem de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo” e se o dialeto dele for conversa de qualidade. Felizmente, há muitos livros e artigos escritos sobre a arte de ouvir. Não repetirei o que já foi escrito em vários
outros trechos, mas gostaria de dar algumas dicas que podem ajudar bastante:
1. Procure olhar nos olhos de seu cônjuge quando ele lhe falar alguma coisa. Essa atitude ajuda sua mente a não divagar e comunica que ele realmente recebe sua total atenção.
2. Não faça outra coisa enquanto ouve seu cônjuge. Lembre-se: “Qualidade de Tempo” é dedicar ao que lhe fala sua total atenção. Se você porventura assistir TV, ler ou praticar qualquer outra atividade pela qual esteja muito envolvido, e não puder desviar a atenção imediatamente, diga isso a seu cônjuge: “Sei que você quer falar comigo agora, e estou interessado em ouvir-lhe. Só que gostaria de conceder-lhe mais atenção, e no momento não é possível. Se você me conceder dez minutos para eu terminar o que estou fazendo, sentaremos juntos e então ouvirei o que você tem a dizer.” A maioria dos (as) esposos (as) deverá atender a uma solicitação dessas.
3. “Escute” o sentimento. Pergunte a você mesmo o tipo de emoção que seu cônjuge sente no momento. Quando achar que descobriu, confirme. Por exemplo: “Tenho a impressão que você está desapontado por eu ter esquecido de...” Essa é uma oportunidade para você certificar-se de seus sentimentos. Também comunica que ouve com atenção o que lhe é dito.
4. Observe a linguagem corporal. Punhos cerrados, mãos trêmulas, lágrimas, cenho franzido e expressão dos olhos fornecem pistas do que seu cônjuge sente. Algumas vezes, a linguagem verbal diz uma coisa, enquanto a corporal afirma outra. Solicite um esclarecimento a fim de poder confirmar seus reais sentimentos.
5. Recuse interrupções. Pesquisas recentes indicam que, em média, as pessoas ouvem apenas 17 segundos antes de interromperem para inserir na conversa as próprias idéias. Se eu lhe dedicar minha total atenção enquanto você fala, evitarei defender-me a fim de fazer-lhe acusações ou mesmo, dogmaticamente, evidenciar minha posição.
Meu objetivo é perceber seus sentimentos e pensamentos. O alvo não é autodefender-me ou permitir que você ganhe uma discussão; a intenção é compreendê-lo (a).

Fonte: As Cinco Linguagens do Amor

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