27165676; AAI 1104; 258. Certas coisas a gente nunca esquece e não entende como algum compartimento do cérebro insiste em manter esta informação, como o número de acesso ao ICQ, a placa de um carro que tivemos em 1991 e o ramal de telefone que utilizava no antigo trabalho. Como esquecer o nome da professora da pré-escola que me fez fugir da escola por um mês ou do episódio em que aprendi sobre o uso de M antes do P e do B e me frustrei ao tentar escrever “BoMboleta”.Querer esquecer coisas ruins que marcaram negativamente a vida, perder e deixar escapar da memória lembranças penosas também não é fácil. Afinal, quem se esquece a frieza com que você terminou nosso relacionamento ou do trauma de um acidente com um familiar? Quem deleta da memória o último olhar, as últimas palavras e o último gesto de um ente querido que se foi?
O que eu quero entender hoje é como esquecer coisas boas demais que nós vivemos e que hoje não podem me vir à memória... não podem me fazer sofrer! Quero esquecer o abraço de 47 minutos, o Rio de Janeiro, os violinos, o suco de uva no McDonalds, a sombra no tornozelo, as aulas de moto, o cafuné, a massagem nos pés, os abraços de reencontro, as artes, as demonstrações de carinho, os beijos, as promessas de amor eterno, o empenho de coração, a troca de alianças, os sonhos, o Ades de Abacaxi, as castanhas de caju, os marshmallows, as fotos, as viagens, os filmes e as sonecas no meio de todos eles, o suporte, as horas ao telefone, a preocupação, o café com leite condensado, o macarrão com uvas passas... o amor!
Reli uma história ou estória de um menino que em um dia de verão, resolveu nadar no lado que havia próximo a sua casa. Ele queria tanto mergulhar na água fresca que não notou que enquanto nadava para o meio do lago, um jacaré deixava a margem e entrava na água. Sua mãe que o observava pela janela, percebeu a aproximação do animal e saiu correndo e gritando, o mais alto que conseguia. A criança se alarmou e começou a nadar de volta ao encontro de sua mãe, mas era tarde... assim que a alcançou, o jacaré também o alcançou. Após semanas no hospital, o pequeno menino sobreviveu. Seus pés estavam extremamente machucados pelo ataque do animal e seus braços, com riscos profundos onde as unhas de suas mãe estiveram cravadas. Em uma entrevista, o menino mostrou as cicatrizes provocadas pelo animal e os braços, que tinham cicatrizes causadas pela mãe, que não o deixou ir.
Hoje, eu quero crer que as cicatrizes em meus braços (leia-se coração), são das unhas de Deus, no esforço de não me deixar ir. Ao invés de recordar fatos que me fizeram bem e hoje me entristecem ou de outros infelizes, farei como diz a canção, “trarei à memória, aquilo me dá esperança!”
Tô arrepiada aqui... que texto lindo...
ResponderExcluirPosso falar? Essas lembranças boas que você quer esquecer não se apagarão da sua memória... o que vai acontecer é que com o tempo, você conseguirá se lembrar delas sem sofrer... além do que muitas delas se transformarão (não serão mais boas, nem importantes), apenas fizeram parte da sua história - e isso você não poderá apagar. ;) Te amo! Beijos.